“Foi uma fatalidade, infelizmente”. Com estas palavras o Governo Municipal se manifestou sobre o trágico acontecimento deste início de semana na Santa Casa de Misericórdia de Olímpia, segundo texto extraído de entrevista feita pela reportagem da TVTem na manhã desta quarta-feira, 27, com o secretário de Gabinete do prefeito Geninho (DEM), Paulo Marcondes. É muito pouco diante do tamanho do caos em que meteram o único hospital da cidade. Além do mais, a “lamentação” do prefeito e da secretária de Saúde, Silvia Forti Storti, não foi feita, digamos, de “corpo presente”.

Foi Marcondes quem “transmitiu” os sentimentos das duas autoridades, que ainda estariam, segundo ele, “solidárias” com os familiares, e buscando respostas “técnicas” sobre o que, “de fato”, aconteceu, resultando na morte de Fernanda Silva Santos, de apenas 29 anos, domingo passado, 24. Mas, se querem encontrar respostas, estas não devem ser “técnicas”, porque são humanas. Mais exatamente, de erro de gestão. Porque fatalidade é a qualidade daquilo que é fatal, é um acontecimento funesto, imprevisível, inevitável, marcado pelo destino ou fado e, ainda, sucesso desastroso, desgraça, segundo o Michaelis. E como o que aconteceu ali podia ser tranquilamente evitado, não se trata, pois, de “fatalidade” nenhuma.

E Marcondes não parou por aí. Disse na entrevista que “este governo tem, de fato, melhorado o relacionamento, o investimento financeiro e, acima de tudo, procurado ações para minimizar o sofrimento de quem procura um único hospital”, ampliando os problemas com o atendimento regional e o “boom” de turistas no final de semana. Balela. Primeiro, que não melhorou um milésimo de coisas naquele hospital, este Governo, desde que tomou posse de sua direção, daquela maneira acintosa e truculenta. O investimento financeiro, onde estaria? E a busca por minimizar o sofrimento de quem o procura, se o que vemos todos os dias são queixas e mais queixas?

E é sempre bom lembrar que nas mãos da diretoria “escurraçada” da Santa Casa há pouco mais de um ano, todos estes problemas já existiam, e de forma até mais dramática, uma vez que o Governo anterior não nutria a menor simpatia pela provedora Helena de Souza Pereira, e este, depois, também a tratou com toda a indocilidade possível. Havia o “boom” de turistas e a necessidade de investimentos. E tudo isso sempre foi contornado e o hospital estava sendo mantido, ainda que aos trancos e barrancos, em um nível elogiável.

E, reconhecer apenas as dificuldades do hospital não resolve o problema. “Estamos tratando com a Provedoria, há cerca de quatro meses, ações que possam minimizá-las, e o aumento do repasse, de R$ 73 mil para R$ 118 mil (…) foi uma delas”, disse o secretário. Quatro meses discutindo ações de solução e aumento de R$ 45 mil no repasse, são as respostas do Governo Municipal ao caos hospitalar olimpiense. É muito pouco.

E jogar a “bomba” do episódio sobre a Santa Casa não é legítmo, não é ético, uma vez que quem quis assumir os destinos dali foi o prefeito Geninho e sua secretária de Saúde. Quem pôs diretoria e provedor foi ele, gente escolhida entre seus “pares”. “Quem deve explicações sobre o que ocorreu é a Santa Casa. Vou me eximir de entrar em  questões técnicas, já que o papel do governo municipal é repassar o recurso, é implementar ações que auxiliem o hospital”.

Tamanha desfaçatez do representante do Governo Municipal chega a doer na alma. E a soar como um ato de abandono, de distanciamento do provedor, que só está lá para atender a um chamamento do, antes amigo, agora prefeito Geninho. Pois bem, no tocante à Santa Casa, o ocorrido é bastante elucidativo da incapacidade de gerenciamento que se instalou ali. Já a posição do Governo diante do episódio é minúscula, pautada pela indiferença pura e simples. Este Governo sim, é de se lamentar.

Até.