O que mais chamou a atenção neste episódio da desativação, ou se preferirem, reengenharia do 1º Distrito Policial de Olímpia, foi o silêncio tumular que se estabeceu junto às autoridades constituídas do município – Executivo e Legislativo. Nem uma alma representando estas duas instâncias políticas esteve lá, na Delegacia Central, a fim de pelo menos ouvir as explicações do delegado seccional, João Ozinski Júnior. Se estão preocupados, os vereadores não demonstraram, ao ignorar por completo assunto tão caro ao município, que poderá, eventualmente, redundar em prejuízos civís para o cidadão.

Se estava apreensivo, ou preocupado, o prefeito também não demonstrou. Ele que, tão cioso se mostra com relação às mínimas coisas da cidade – embora aquelas que lhe rendam imagens fáceis e assimiláveis pelo público eleitor – não foi e nem mandou para lá qualquer de seus muitos auxiliares, para pelo menos marcar a presença da autoridade política ali. Parece ter se conformado fácil com a situação, mesmo depois de confirmar que não se tratava de um “boato” o fechamento do Distrito. Não moveu uma palha nos últimos dias em favor de uma população que amanhã poderá clamar por atendimento mais célere e mais próximo?

Assim, Olímpia volta a uma situação de 30 anos atrás, quando a cidade dispunha de apenas uma delegacia. Ainda bem que a DDM não será tocada. Pode apenas e tão somente mudar de endereço. E por que a pressão política poderia surtir efeito numa situação como essa? Porque, ao contrário do que todos nós pensávamos até então, a decisão por esta “reengenharia” não veio do Estado, mas, sim, da Seccional de Polícia. Ou seja, foi o delegado Ozinski que assim decidiu, e assim o fez. E disse tratar-se de uma “experiência”. Se não der certo, volta-se atrás em tudo o que foi feito. Se faz uma “desenreengenharia” e pronto, acabou.

“Eu não vim fechar nenhum Distrito Policial, não tenho esse poder, só o governador pode. Eu vim fazer um teste, se não der certo volto atrás. Quero unir delegados, investigadores, escrivães e demais funcionários num só local, na Delegacia de Polícia, para servir bem à população de Olímpia, e espero que a minha mensagem seja bem-vinda, bem compreendida, principalmente pela população e pelas suas forças vivas”, disse o delegado à imprensa hoje no final da manhã. Mas, na prática, o Distrito foi fechado. No âmbito físico, foi fechado. No âmbito estrutural, foi fechado. O 1º DP de Olímpia deixou de existir de fato, agora será apenas um Distrito de direito – já que para extinguí-lo é preciso um decreto do Governo do Estado.

O Distrito Policial de Olímpia foi criado pelo decreto 33.714/91, entre os governos Quércia (03/1987 – 03/1991) e Fleury Filho (03/1991 – 01/1995). Foi um período, em que até o próprio delegado reconhece, houve um “derrame” de delegacias por todo Estado. Mas, o problema é que só agora, mais de 20 anos depois, é que se tomou conhecimento de que elas não funcionam a contento. Houve um tempo enorme para que se “arrumasse” a casa, e nenhum governo o fez. Se as delegacias foram em excesso, se foram benevolência política, não importa.

Importa que as cidades que as recebeu não as percam para nenhuma “reengenharia”, a não ser que esta seja entendida como uma melhoria na sua estrutura, para que passe a funcionar a contento, a dar melhores resultados, permanecendo no mesmo lugar em que está, atendendo o cidadão. Mas, como disse acima, o conformismo demonstrado pelos nossos políticos foi aterrador. Nesta hora, em que a Câmara deveria mostrar que, em sua maioria, está ao lado do prefeito e com ele reforçar o trabalho pela não desativação, ela refuga, se cala, se omite, talvez obedecendo à “regência” do “mestre” Geninho (DEM), que pode também ter lá suas razões para não ser atuante nesta questão.

Talvez ele, o prefeito, sempre tão convincente quando está determinado a obter alguma coisa do poder político superior, tenha simplesmente negligenciado neste caso, dado como favas contadas depois que descobriu que o “boato” viraria realidade. Mas, olhando a situação por um outro prisma, arregou, o prefeito, ou foi estratégico, apenas? Terá ele alguma “bala na agulha” para mudar tudo agora que a decisão foi tornada pública e explicada ao cidadão? Só o tempo, que terá que ser breve, dirá.

Até.