E lá vamos nós. Olímpia, mais uma vez, vai perder. Mais um órgão de Governo. Mais um ítem a ser acrescentado ao longo histórico de perdas do município. Eufemisticamente chamada de “reengenharia administrativa”, na verdade a Secretaria Estadual de Segurança vai desativar o 1º Distrito Policial, implantado a duras penas na cidade. A informação não é nova, nem chega a pegar quem quer que seja de surpresa. Esta possibilidade foi anunciada ano passado, replicada pela imprensa livre e tachada de “boato” pelo prefeito Geninho (DEM).

Fato é que o 1º DP estará fechando as portas para o cidadão que reside no Centro II, ou nos bairros localizados acima do Olhos D´água, a partir de 1° de abril. A partir daí, não importa onde o cidadão more, ele terá que registrar sua ocorrência na Delegacia Central de Polícia, na Rua São João, que concentrará todo serviço. A mudança será anunciada oficialmente no dia 22, terça que vem, de manhã, pelo delegado seccional João Osinski Júnior, em coletiva de imprensa.

Quando o assunto veio à tona, em abril do ano passado, portanto há quase um ano, o prefeito fez pouco caso dele. Ao invés de encarar com seriedade, preferiu atacar imprensa e vereador oposicionista, tachando a possibilidade de “boato”. Disse que em maio foi à Secretaria de Estado da Segurança Pública, quando recebeu detalhes e, ao mesmo tempo, teria mostrado sua “firme posição em não deixar isso acontecer”. Parece que não adiantou. O prefeito não levou a coisa a sério nem depois que o delegado titular da Delegacia de Polícia de Olímpia, João Brocanelo Neto, confirmou a informação.

“Fiz gestão quanto ao ‘boato’ que poderá fechar o 1º DP da Policia Civil, realmente a princípio não passa de boato”, escreveu o prefeito em seu “Twitter”, às 20h11 do dia 27 de abril, uma terça-feira. O então presidente da Câmara, Hilário Ruiz (PT) já havia falado sobre o assunto três semanas antes. Disse ter tentado intervir, sem sucesso. “Tenho conhecimento de que há um projeto em andamento, que está para ser finalizado, que vai fechar o 1º Distrito de Olímpia”, disse por sua vez à época, o delegado Brocanelo. Segundo ele, uma medida que, uma vez concretizada, trará um prejuízo muito grande para a corporação. Olímpia perderá um delegado, por exemplo.

Nós, que acompanhamos a história política desta cidade há um pouco mais de tempo, deveríamos estar acostumados com nossas perdas. Olímpia sempre sofreu desta síndrome. Ao longo dos governos municipais algumas instituições e órgãos de Estado ou da União vieram e foram embora. Alguns importantíssimos para o desenvolvimento do município, como a estrada de ferro São Paulo-Goiás, que municípios bem menores conseguiram manter.

Já tivemos por aqui filial da então poderosa Anderson Clayton, Ceasa, Ceagesp, Senac, mais recentemente perdemos a Coletoria Estadual, Delegacia de Ensino, Delegacia Agrícola, Instituto de Criminalística, Escritório do DER, e outros que agora nos fogem à memória. Perdemos também na inicitiva privada, grandes empresas empregadoras, como Cutrale, Minerva, e outras menores deixando a cidade. Assim, de perdas em perdas, esta antes Menina-Moça, hoje uma matrona de 108 anos, vai somatizando com seus traumas, até que esta sangria desatada tenha um fim.

Só para variar, o prefeito poderia passar do discurso à prática e impedir, de alguma forma, que este “boato” se torne fato. Para o bem da coletividade. E, também, onde estão os vereadores com seus deputados, aqueles que adoram posar garbosamente a seus lados, numa demonstração de fortes laços de amizade e compromisso com a cidade? É nestas horas cruciais que eles têm que dar esta prova. Darão?

Até.