As perguntas que não querem calar: estará Bira da Ki-Box fazendo o jogo do poder? Estaria o empresário e ex-vereador apenas fazendo um jogo de cena para lá na frente ter poder de negociação – quem sabe uma secretaria básica. Estaria Bira da Ki-Box falando sério? Seria sua candidatura à cadeira da 9 de Julho verdadeira? O fato é que, tomado de vontades, ele saiu às ruas já faz tempo, talvez até de forma um pouco prematura, tentando “costuras” políticas. Conversando com todo mundo que se dispôs a conversar com ele.

E na edição deste sábado, 19, do semanário Tribuna Regional, de Olímpia, foi publicada uma micro-entrevista com o pré-candidato, com destaque para uma de suas frases – “Tenho a política no sangue”, ao lado de uma foto sem nitidez em preto e branco (aliás, começa mal para quem quer angariar simpatias)  e um antitítulo: “Bira da Ki-Box pré-candidato a prefeito” (assim mesmo, sem vírgula). Diz o jornal que a “equipe” falou com o empresário Ubirajara Teixeira, é esse seu nome, que afirmou “estar disposto a concorrer ao cargo de prefeito nas próximas eleições, em 2012”.

Não há precedente na história política de Olímpia de alguém lançar-se tão cedo candidato a um cargo majoritário. Geralmente as coisas acontecem, de forma oficial, poucos meses antes do pleito e, de forma extra-oficial, no ano da eleição. Ou seja, para estar nos padrões locais, Bira lançaria seu nome e buscaria parceiros, a partir do início de 2012. Donde se pergunta qual a razão de sua pressa. Ele diz ao jornal que está voltando agora à atividade político-eleitoral porque já formou as duas filhas médicas e botou a firma de artefatos de vidro para “rodar sozinha”.

Mas, o histórico político da breve passagem dele pela política local, pelo menos a grosso modo, não o credencia a ser um nome confiável neste momento, com o qual as forças locais poderiam fechar questão. Haja vista que em 2004, dentro da chamada “terceira via política” formada por vereadores de nossa Câmara, ele foi a pedra no calcanhar a fazer afundar um grupo que foi se formando e se fortalecendo ao longo dos dois últimos anos anteriores ao pleito. E naquela ocasião estava posta apenas a recandidatura do então prefeito Luiz Fernando Carneiro, e o ex-prefeito José Rizzatti “gatinhava” com a sua, na busca desesperada por adesão.

Caso quisesse, Bira, Becerra, Primo e Rímoli se lançariam, pinçando daí um nome a prefeito Bira da ki-Box? – e buscando um vice em outro grupo, porque havia o espaço à época, uma vez que a candidatura Rizzatti, desta forma, sucumbiria, por inanição partidária. O advogado Celso Maziteli, juntamente com o médico Nilton Martinez, ainda se resguardava e analisava o quadro. Mas quando Bira da Ki-Box, contrariando todas as expectativas, implodiu a “terceira via” e foi se alojar no ninho rizzattista, aliás com sequelas profundas em seus companheiros – nenhum se reelegeu, Maziteli então se lançou no “vácuo” deixado por ele e seu grupo.

O resto da história todo mundo conhece: duas candidaturas fortes de oposição, Carneiro levou nos 35% da máquina.

Portanto, naquela ocasião Bira fez o jogo que interessou não aos seus parceiros, mas a Rizzatti, de quem é amigo de muitos anos, e quando na Câmara, emprestou e recebeu todo apoio político necessário, na gestão 1997/2000, quando ocupou a cadeira de vice-presidente da Casa de Leis. Na gestão seguinte, Bira ensaiou um voo mais alto dentro da Casa, lançando-se presidente. Mas, ao menor embate, recuou, “derrubando” as pretensões da oposição de levar a Mesa, e facilitando a eleição a presidente do situacionista João Wilton Minari.

E agora, estará Bira da Ki-Box falando sério ou apenas fazendo jogo de cena, barulho, fumaça, para que amanhã ou possa vir a negociar com  um grupo mais forte, ou mesmo com o grupo que está no poder, ou é ele o próprio “candidato-laranja” de Geninho, que, todo mundo sabe, é melhor não sair no “mano-a-mano” com quem quer que seja? E nestas situações um “laranja” é sempre bem vindo. Tática antiga nesta urbe e no meio político por aí. Bira viria como desagregador-mor da oposição. Como foi em 2004, na majoritária, e naquele mesmo ano, aí talvez por “acidente” político, dentro da Câmara.

Assim, é preciso deixar no ar a pergunta maior de todas, que somente uma pessoa vai poder responder – ele mesmo, não só com suas atitudes de agora, mas de quando, efetivamente, tiver que honrar a palavra: Bira está jogando?

Até