Não foi preciso mais que duas sessões para constatar que sim, a Câmara Municipal de Olímpia será, por pelo menos estes dois últimos anos da gestão Geninho (DEM), chanceladora de suas vontades e decisões. E também não precisamos ir muito longe para constatarmos que as únicas vozes distoantes ali dentro serão as de Magalhães (PMDB), Guegué (PRB) e Hilário Ruiz (PT). Os três, legitimamente tem questionado algumas proposituras encaminhadas para lá pelo Executivo Municipal, feito reparos, observações a cerca de suspeitas de inconstitucionalidades etc., apelos que nunca são ouvidos pela “bancada dos sete”.

Como na sessão de ontem à noite, 14, quando o peemedebista contestou os termos do projeto de Lei 4.333, cuja ementa, erroneamente, não se sabe se de propósito ou de forma inconsciente, trata como “permuta de terrenos”, o que na verdade é uma “compra de área com amortização por terrenos”. Trata-se de terreno com 94 mil metros quadrados no distrito de Baguaçu, pelo qual o município vai permutar oito terrenos no Jardim Centenário, e pagar mais cinco parcelas de R$ 25 mil, totalizando R$ 445.850.

Além do pagamento das parcelas, o que descaracteriza a modalidade “permuta” – que pressupõe o ‘elas por elas’ – Magalhães questionou, também, a forma como foi feita a medição da área, ou seja, por metro quadrado, quando deveria ser feita ou por alqueire, ou por hectare. Porque, segundo ele, medindo por metro quadrado, há a possibilidade de superdimensionamento do terreno.

Está certo que ali serão construídas 190 casas liberadas ainda na gestão passada pela CDHU, a razão portanto é nobre, mas não justifica o “olho cego” da bancada do prefeito, tentou deixar claro Magalhães. Daqui para frente, das duas uma: ou ficará explícito que os vereadores oposicionistas apenas fazem picuinhas com suas colocações e reparos em leis oriundas do Executivo, ou que a bancada situacionista está chancelando o calvário futuro do nobre alcaide.

SUI GENERIS
A secretária municipal de Educação, Eliana Bertoncelo Monteiro, tem um modo ‘sui generis’ de fazer as coisas em público. Ela sempre faz questão de que professores, diretores, supervisores e funcionários da Secretaria se apresentem “de corpo inteiro” nos eventos dos quais participa ou nas reuniões que protagoniza, independentemente do quão constrangedor isso possa ser, às vezes. Como ontem, na Câmara, onde foi fazer uma explanação sobre o projeto de Lei Complementar 116, que repõe diferenças salariais para professores de educação física, diretores e supervisores de escola.

Antes de começar a falar, exigiu que todos eles ficassem de pé, atrás dela, no plenário da Câmara, como a dar aval a tudo o que ali era dito. No final, ela passou bem a idéia – “com a anuência dos presentes” – que todos estavam satisfeitos com o que estava sendo proposto ali, e aprovado em primeiro turno. Depois de terminada a sessão, ainda permaneceu em frente à Câmara, numa roda destes profissionais falando, falando, falando…. Quem viu apostava num ambiente de total harmonia na Pasta. Pelo menos à distância.

MAIS QUE O DOBRO
No post do dia 10 passado, aqui neste blog, quando relatamos que o prefeito Geninho, segundo noticiava sua assessoria, havia participado de reunião na quarta-feira, 9, à tarde, com o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, para renegociar dívida pendente do município com a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo-CEAGESP, calculada em R$ 2,5 milhões, falamos que a empresa Italcabos, ali instalada, gerava em Olímpia “cerca de 80 empregos”. Mas, em contato mantido com a redação, a empresa esclareceu na segunda-feira que, na verdade, hoje emprega 170 funcionários.

O prédio em questão foi desapropriado na segunda gestão do ex-prefeito José Rizzatti (1997/2000), para abrigar a metalúrgica. Geninho quer pagar a dívida em 100 meses, e poderá oferecer como garantia para quitar a antiga dívida, já na primeira parcela, um prédio municipal (ele não disse qual, nem sua assessoria perguntou). A empresa não comentou sobre as suspeitas de que a situação estaria bem mais crítica do que se imagina, já que o empresário Franco Cozzo teria manifestado disposição de mudar-se de Olímpia, caso a questão não seja resolvida.

FALANDO NISSO
Entre idas e vindas, muita propaganda e tentativas de calar a imprensa livre desta cidade, o prefeito Geninho também ainda não cumpriu um dos ítens mais importantes do rol de promessas que fez durante a campanha eleitoral. Não foi gerada sequer uma vaga formal e perene de emprego a mais nestes dois anos e quase dois meses de gestão. Para quem garantiu mil empregos, ele está longe, bem longe disso. Ao contrário, até agora, nesta área, a cidade só perdeu: por exemplo, as quase 300 vagas do Entreposto do Minerva, que foi embora da cidade ano passado.

Neste aspecto, muitos podem dizer: mas, e o Thermas? E os hoteis e pousadas? Bem, estes gerariam empregos, como sempre geraram, de forma independente do poder público, porque o que lhes dá sustentação é o Thermas dos Laranjais que, da mesma forma, é auto-sustentável. “O Minha Casa, Minha Vida”? Quem já esteve na obra, como nós, ou obteve informações aqui e ali, saberá que a mão de obra ali é “migratória”, composta por um grande contingente, se não na totalidade, de nortistas. Empresas novas, onde estão? Qualificação da mão-de-obra, onde estás?

E ainda que a idéia de geração de empregos do alcaide seja aquela de botar todo mundo que for possível na prefeitura e seus “penduricalhos”, falta muita gente para se chegar aos mil empregos. Engraçado que ninguém se lembra disso.

A falta de emprego na cidade, somada ao precaríssimo atendimento em saúde, ao menosprezo pelo cidadão carente praticado pela Assistência Social; à temerosa “arquitetura” do Ensino municipal, e ao pouco caso dedicado ao funcionalismo, sem contar as mazelas administrativas, tornam este Governo vazio e contrapõe seu discurso de que Olímpia está “crescendo e se desenvolvendo”. A menos que, “novidadeira”, esta administração tenha reinventado os conceitos e critérios de crescimento e desenvolvimento.

PS: Atormentado há dias pela idéia de que se está tentando estabelecer na cidade uma espécia de “Genismo Político”, fui procurar algum similar nos googles da vida. E o que encontrei é a definição de “genismo”, e um paralelo extremamente interessante, muito próximo de nós, dentro deste contexto. Ou seja, o de que “o genismo é uma filosofia materialista, baseada no neodarwinismo, que tem como finalidade maximizar a felicidade humana”.

Alguém aí duvida de que o que se está tentanto impor aos olimpienses, nos últimos tempos, é exatamente isso?

Até.