“Se deu certo em Olímpia, vai dar
certo em sua cidade também”

“Esta será uma das campanhas que a CEF lançará em todo
o País para o programa
federal ‘Minha Casa, Minha Vida’,
utilizando-se do caso inédito e de sucesso local”.
(Blog do
Leonardo Concon)

Assim teria se manifestado em Olímpia, eufórico, um dos representantes da Caixa Econômica Federal quando do lançamento do programa de comercialização de casas por meio de empréstimos facilitados junto àquele banco, na Casa de Cultura, no finalzinho de novembro do ano passado. Naquela ocasião, prefeitura e CEF assinavam o contrato do módulo II, com mais 350 unidades. A euforia com a novidade era tanta, que a Construtora Pacaembu, contratada pela CEF, já havia até iniciado as obras, que tem prazo de um ano para terminar.

Porém, o que se vê, até o momento, é pura indefinição. Mais de 30 dias de obras depois, eis que – para variar – ela acaba de parar. Por falta de solvência da empresa subempreitada pela Pacaembu. Faz hoje 22 dias que os peões da obra estão sem receber. E, o que é pior, sem a menor perspectiva de quando isso vai acontecer. Todos os dias, desde a semana passada, pelo menos uma dezena ou mais de trabalhadores da obra faz “plantão” em frente ao escritório de empresa, na 9 de Julho.

Se o leitor se lembra, ainda ontem reproduzimos aqui conversa mantida por telefone com o secretário municipal de Obras e Meio Ambiente, Gilberto Tonelli Cunha, que afirmava não ter o município qualquer responsabilidade sobre o fato, que ele ainda desconhecia – mas, soube-se que logo após o contato mantido, ele foi ao escritório se inteirar. De acordo com Cunha, quem tem que fiscalizar a obra é a própria construtora. À prefeitura e à CEF cabe apenas esperarem o cumprimento do prazo.

A CEF vem periodicamente fazer a medição e o consequente pagamento. Acontece que a JPM, que seria a empresa subempreitada para a construção das casas, revelou-se sem lastro para “bancar” a peonada enquanto a medição e o cheque não chegam. O responsável, segundo contou um dos peões, seria um “tal de Milton”. Mas, antes dele teria sido responsável pela obra outro cidadão, também olimpiense, mas cuja empresa teria endereço de Rio Preto. Deste, ninguém mais teria ouvido falar já faz alguns dias.

Os peões abandonaram a obra, segundo um deles afirmou ao blog. Eram mais de 30. Estão a 22 dias sem receber. Deram prazo até esta quarta-feira, 12, para isso acontecer. “Nem se for um cheque, a gente se vira”, disse. O movimento ali no escritório foi intenso na manhã e tarde desta terça-feira, ligeiros bate-bocas, corre-corre do responsável. Mas nenhuma solução. “Geralmente este tipo de obra se ‘arranca’ em seis ou oito meses. Mas, deste jeito aí, vai levar três anos”, avisou o peão.

Impossível localizar a Construtora Pacaembu via internet, o que é estranho, já que uma empresa de grande porte como é, segundo Cunha, esta seria uma primeira providência a tomar: ter endereço eletrônico e constar das redes sociais. Mas uma vasculhada pela net resultou em zero referências a ela.

O que soa estranho, muito estranho, é esta insistência em “quebrar” que as empresas contratadas pelo município para obras têm. Esta já é a segunda, embora subempreitada. Espera-se, pois, que a Pacaembu faça jus ao nome. E seja forte. Bem forte. Nada menos que 786 famílias torcem por isso.

Os vereadores Aguinaldo Moreno, o Lelé, (DEM) e Gustavo Zanette (PSB), estiveram no oba-oba da assinatura do contrato com a CEF, na Casa de Cultura, à frente de centenas de pessoas. Portanto, têm, de certa forma, um compromisso assumido com este povo esperançoso, uma vez que tudo o que foi dito e feito ali teve o aval moral e de autoridade constituída de ambos.

“A felicidade só será maior no dia que entregarmos as chaves das casas aos moradores”, disse, entre outras coisas, o prefeito, naquele início de noite. Ele estava feliz, conforme se pode entender de suas falas. E quer ficar mais feliz ainda. Mas, se não tiver pulso firme, vai ficar na vontade de ser feliz. Porque o encaminhamento que se está dando para aquela obra parece repetir a UPA, coincidentemente também do PAC, coincidentemente também do Governo Federal.

Uma funcionária pública recebeu a oportunidade de ter um imóvel próprio como “um presente de Natal mais que especial”. Ao visitar a obra, o prefeito, empolgado, ajudou um dos peões a assentar tijolo. Bom que ele tenha adquirido algum conhecimento, porque talvez possa ser ele a ter que dar continuidade às obras e assim tornar concreto o “presente de Natal” da funcionária pública.

O valor de cada imóvel está estimado em R$ 54,9 mil, com previsão de entrega em 12 meses, a partir da assinatura dos contratos, portanto em setembro próximo. Mas, a obra já está parada há pelo menos uma semana. O que pode comprometer o organograma dela. O conjunto chama-se “Village Morada Verde” e tem um custo total de R$ 48,2 milhões.

Portanto, bastante alto para que qualquer empreiteira se responsabilize por construí-lo. Pois é sabido que quanto maior e mais cara a obra, maior o lastro a ser exigido de quem vai disputar a licitação. Portanto, se há garantia de que a Pacaembu “é grande”, esta não se cercou de todas os cuidados na hora de subempreitar, tendo que se submeter a este tipo de constrangimento. O que é estranho, muito estranho, repetimos…

Até.