2001 já está com cara de velho. Voltamos à mesma rotina dos dias que passam. Voltamos à realidade dos fatos vividos. Voltamos, consequentemente, nossas atenções para os feitos e não-feitos deste Governo Municipal que aí está, e que uns e outros insistem em dizer que já é “o melhor de todos”. De minha parte, continuo firme e convicto de que ainda há tempo para que a administração Geninho (DEM) comece, de fato, a sair do lugar. Há tempo para neutralizar o efeito “esteira” que tomou conta de seu governo.

Muito me admiram pessoas que avaliam um governo, seja ele em que nível for, pelo volume de obras e convênios anunciado. Pois é isso que estamos vendo. Até mesmo “pensadores” antes insuspeitos hoje levantam bandeiras – aliás, escancaram bandeiras -, se igualando ‘univitelinamente’ àqueles outros aos quais não poupavam a pecha de “vendidos”, “soldadinhos”, “penas de aluguel”, “voz de aluguel”, “prefeiturodependentes” e por aí afora. Hoje, na concepção destas figuras, “vendidos” são os outros. Eles, no máximo, sempre foram “a favor de Olímpia e de sua população”.

Neste panorama, em que as mais ferrenhas e “combativas” figuras cedem aos afagos e ao charme político do prefeito de turno, há que se concluir que alguma coisa não está certa. Que alguma coisa está fora da ordem. Mas, para não terem que responder a si mesmos, estas figuras tentam imputar a quem ainda “não enxergou” o melhor dos mundos proporcionado por esta administração que aí está, a culpa pelos reclamos incessantes e diversos da população que dizem representar. E até engolem a soberba genista, ao se auto-conceder nota 9 por estes dois anos.

Repito que as avaliações que se tem feito no entorno do Governo Geninho são pelo volume anunciado de convênios e verbas, todos ainda por serem efetivados. É preciso notar que até este final de ano, não houve uma grande obra concluída. Geninho faz intenso barulho com obras corriqueiras, aquelas que todos os prefeitos, bons ou ruins, sempre acabam fazendo. Quais sejam, ampliações, reformas, adaptações, praças, escolas, Unidade Básica de Saúde-UBS, recapes e tapa-buracos.

Em alguns casos, conjuntos habitacionais – não dando créditos totais ao ‘Minha Casa, Minha Vida’ por se tratar de um procedimento de mercado, antes de ser um projeto social, com o Governo Municipal sendo apenas um facilitador – e o CDHU, convênio do Governo passado, cujo projeto foi modificado pela própria Companhia em todas as localidades onde havia um lote de casas autorizado, do qual Geninho tenta abarcar para sí todas as láureas.

No mais, vamos rememorar as “grandes obras”? Duplicação da Harry Giannecchinni. Parada, serviu apenas, até agora, para ceifar a vida de uma figueira cinquentenária, um atentado contra o meio ambiente e a história da cidade; implantação de galerias pluviais na Floriano Peixoto – aliás, bom que se diga, o convênio e a verba são do governo passado. Falta acabamento, o que vem trazendo transtornos e insegurança aos moradores dali, incorrendo ainda no perigo de se perder o que foi feito, os mais de R$ 800 mil gastos ali; a Unidade de Pronto-Atenbdimento-UPA, grande obra de mais de R$ 1 milhão. Parada.

Aliás, ali bem se viu uma amostra do que é “administrar para a torcida”, aproveitando um jargão futebolístico – o que, aliás, Geninho sabe fazer muito bem. E convence. Até cabeças e almas que julgava bem formadas. A “obra” está lá, um ano depois, sem que tenha saído do lugar. Ou, melhor, quase saiu por estes dias, quando fornecedores foram retirar material vendido e não pago por quem de direito. A Praça da Matriz, obra pequena que foi concluída na “bacia das almas”, e ainda assim oito meses depois de iniciada.

Portanto, até o momento, que me perdoem os aficionados, o prefeito Geninho não está muito à dianteira do governo passado, a não ser pelo que anuncia pelos quatro cantos, e pelos espaços generosos que tem tido nos meios de comunicação locais, alguns antes figadalmente fechado para certas entidades políticas. Um destes órgãos, por exemplo, ao fechar diagnóstico sobre a gestão Geninho, diz que o faz por causa do “carisma” do prefeito, e por ter ele mostrado “a intenção” de corrigir problemas gravíssimos, esquecendo-se o editor, de que intenções disso e daquilo, todo governo tem.

Mas, não é só isso, há também “convênios assinados” e ainda não assinados, e valores computados como verba garantida quando ainda estão nos cofres do Estado e da União. Ou seja, o prefeito “é o melhor que Olímpia já teve”, segundo este hebdomadário, pelo que pode conseguir, pelo que pode realizar. E não pelo feito. Até porque, pelo feito, não o é, definitivamente. Para nosotros, é prognóstico precoce, que nos perdoem – peço mais uma vez -, os aficionados.

A propósito, há um semanário na cidade que este final de semana trouxe duas páginas cheias, coloridas, enaltecendo o Governo Municipal. Matéria paga, naturalmente. Para quem tiver curiosidade, passe os olhos por elas tente encontrar ali alguma grande obra concluída. Ou, mais até, observe quantas obras concluídas estão retratadas naquelas páginas. E olhem que o jornal em questão, por suas edições recentes, tornou-se um veículo insuspeito quanto aos feitos da atual administração.

Trata-se, a publicação, de um oba-oba administrativo tão somente, onde a figura do prefeito é onipresente. E, paradoxalmente, a foto que abre as ilustrações é a de uma enorme placa à frente de um terreno baldio, onde serão construídas as 109 unidades da CDHU que, repito, é convênio do Governo passado.

Sem mais delongas, é bom que se diga, não há aqui nenhuma profissão de fé em que as coisas não se deem conforme planeja o alcaide. Que os convênios não se concretizem, ou que as verbas anunciadas não venham. Muito pelo contrário. Caso, de fato, nestes dois anos que faltam Geninho concluir uma de suas grandes obras, colocá-la em atividade, e dar início a tantas outras anunciadas de forma consistente, estará, aí sim, dando um passo definitivo para ser “o melhor prefeito que Olímpia já teve”.

Porque, até agora, pelo que fez, não se diferenciou em nada – observem bem, para muito além do barulho feito – de governos passados, principalmente daquele que ele e seus áulicos tanto gostam de hostilizar, o do ex-prefeito Carneiro. Geninho, na nossa maneira de ver, faz um “governo-esteira”, sabe aquele equipamento de academias de ginástica, no qual você anda, anda, anda, e não sai do lugar?  E no qual você pode até correr, que da mesma forma não sai do lugar? Pois é.