Conforme postei ontem aqui neste espaço, a Associação Olimpiense de Defesa do Folclore Brasileiro-AODFB está sendo cobrada em R$ 80 mil, dinheiro liberado pelo Ministério da Cultura em 2006, quando da realização do 42º Festival do Folclore. Diz a “nota de cobrança” que a devolução é necessária porque a Associação “não apresentou documentação complementar”. Mas não é explicado em detalhes que “documentação complementar” é essa, e da parte de quem deveria partir.

Procurando saber detalhes sobre o tema, nos deparamos com uma notificação de inadimplência junto ao Ministério do Turismo – número do Convênio SIAFI: 566881, número original CV 390/2006, cujo objeto foi o 42º Festival do Folclore de Olímpia, realizado naquele ano, mas com valor bem superior aos R$ 80 mil cobrados agora. Na verdade, este convênio com a AODFB é de R$ 190.749,30, com publicação em 30 de agosto de 2006, vigência de 1º de agosto de 2006 a 1º de janeiro de 2007. A contrapartida do município era de R$ 37 mil. A data da última liberação foi 1º de setembro de 2006, cujo valor ficou sendo R$ 188 mil.

Feito isso, fomos atrás de outras evidências sobre o que poderia ter acontecido em torno desta questão, para que agora a AODFB se visse nesta “saia justa” diante da opinião pública. Então descobrimos que ela remonta aos tempos em que o agora prefeito Geninho (DEM) era presidente da Câmara, ainda no extinto PFL, e trouxe a Olímpia o então ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia. Ali, naquela visita, começou a se desenhar o que agora desandou nesta cobrança intempestiva à Associação olimpiense.

Buscando os dados sobre o tema, chegamos como disse à visita do ministro a Olímpia, em 2006, quando fez a promessa de encaminhar para o município, destinada ao 42º Festival do Folclore, R$ 200 mil, cobrando, na ocasião, a liberação de outros R$ 100 mil do secretário estadual de Turismo, que veio junto com o Ministro, o que totalizaria R$ 300 mil. Depois, não se sabe por que cargas d´água esta verba virou R$ 400 mil e até R$ 700 mil.

Para adiantar o expediente, informo que os R$ 100 mil do Estado, depois, ficou fora de questão. O secretário “esqueceu” o assunto.

Bom, passou-se um pouco o tempo e o então deputado federal do PTB, Ricardo Izar, falecido em 2008, passou a intermediar as conversações entre o município e o Ministério do Turismo. Mas também ele foi o causador de um grande “imbróglio”, quando se anunciou na cidade que a verba não seria no valor anunciado pelo ministro – “de R$ 400 mil, sendo R$ 300 mil para a festa e R$ 100 mil para infra-estrutura”, mas, sim, de R$ 300 mil, sendo R$ 100 mil para a festa e R$ 200 mil para infra-estrutura.

E assim o caso foi tratado, de conversa em conversa, de discurso em discurso, e até o vereador Beto Putttini entrou na discussão, no intuito de por “ordem na casa”. E ele chegou dizendo que a verba a ser destinada ao 42º Festival do Folclore, era de R$ 100 mil, e não de R$ 300 mil, conforme compromisso assumido pelo ministro e pelo secretário estadual de Turismo, quando da visita de ambos a Olímpia, numa sexta-feira à tarde. Isso, mesmo depois que Walfrido dos Mares Guia tinha dito de viva-voz ao então prefeito Carneiro, que o Ministério liberaria R$ 200 mil, enquanto o secretário estadual Fernando Longo, completaria o valor com R$ 100 mil.

Guia depois anunciou o mesmo montante no discurso de quase uma hora proferido na Câmara Municipal para cerca de 250 pessoas, e voltou a reafirmar o valor na entrevista à imprensa, após a cerimônia na Câmara, patrocinada pelo presidente Geninho. Depois, foi a vez do próprio Geninho falar sobre o assunto, quando botou ainda mais “lenha na fogueira”, porque, como é do seu feitio, maximizou o montante. Segundo ele, viriam para Olímpia, na verdade, além dos R$ 300 mil para o Fefol, mais R$ 400 mil para obras de infra-estrutura turística.

Veio Puttini depois “mudar o rumo da prosa”, dizendo que seriam liberados “R$ 300 mil a R$ 400 mil” para o setor do turismo, ou seja, a coisa já ficara mais abrangente. É que, depois de tanto conversê, a verba de R$ 300 mil acabou virando verba de R$ 400 mil e depois verba de R$ 700 mil. Mas, o que houve, na verdade, foi uma mistura geral quanto a valores, resultado de tanto diz-que-diz. E a palavra final, então, foi dada por Puttini: eram R$ 100 mil para o Fefol e R$ 300 mil para investimento turístico na cidade. Portanto, verba de R$ 400 mil.

O restante da história vocês já conhecem. Se não, leiam os dois primeiros parágrafos.

Até.