O prefeito Geninho (DEM) fez publicar na edição de sábado passado da Imprensa Oficial do Município-IOM, ocupando quatro páginas, a relação de obras que diz ter executado por toda cidade, num total de 118. Destas, 79 teriam sido executadas até 30 de novembro. Treze foram executadas dentro do prazo, três estão atrasadas – diga-se de passagem, as mais importantes do ponto de vista administrativo – e 23 estão licitadas ou em licitação. Montante investido, R$ 85,723 milhões, segundo as contas oficiais.

A título de observação da relação de obras publicadas, nada menos que 57 tratam-se de reformas diversas, o que não se pode classificar exatamente como obras – pois reforma é serviço. Outras 31 “obras” mostradas na verdade tratam-se de reforma/ampliação, reforma/construção ou ampliação/construção. Isso significa que nem tudo tem a ver com a planilha “desenvolvimentista” apregoada pelo alcaide e seu secretário de Obras. Porque por estas denominações são feitas adequações e, eventualmente, constrói-se um anexo ou “estica-se” um pedaço aqui e ali.

E há casos, também, de “obras” ‘interna corporis’, como, por exemplo, “reforma e implantação do almoxarifado da prefeitura”, ou “construção da nova sede do Daemo”, no quesito construção. Aliás, por esta denominação contamos na lista, 26. Mas, entre elas está tudo o que foi feito, e o que ainda está por fazer, bem como aquilo que já veio como herança da gestão passada – lembrem-se que o ex-prefeito deixou cerca de R$ 7 milhões em caixa. Convido os leitores a uma leitura atenta da publicação na IOM, para depois não dizerem que praticamos aqui o exercício do negativismo, ou o elogio da crítica.

Mas, o ponto a que queremos chegar tem a ver com dinheiro gasto, e não nas obras, mas em outros setores. Porque o prefeito e seus próximos podem fazer o barulho que quiserem em torno do “volume de obras”, mas uma coisa fica devendo: as explicações sobre onde andou gastando e o que andou fazendo com os recursos do município. Sim, porque os R$ 85,723 milhões anunciados como investimento em obras é dinheiro vindo do Estado e da União. A contrapartida da prefeitura fica sempre na casa dos 10%, 15%. Portanto, algo em torno de R$ 8,5 milhões a R$ 12,8 milhões.

Lembrando que posso estar sendo bastante exagerado, pois há casos em que a contrapartida fica bem abaixo disso, coisa irrisória, dependendo do valor da verba. O Orçamento deste ano para Olímpia está estimado em mais de R$ 88 milhões. Até o mês de outubro, arrecadou-se mais de R$ 86 milhões e seguramente, até dezembro, terá entrado no caixa da prefeitura em torno de R$ 100 milhões ou mais. Sabendo-se que a situação financeira do município está bastante complicada, é de se perguntar: cadê o dinheiro?

Não é segredo para ninguém que o prefeito está com dificuldades de “fechar as contas” em 31 de dezembro. Os valores faltantes variam de roda para roda, quer dizer, cada um diz ser em montantes diferentes. Chegou-se a até R$ 21 milhões. Este número, aliás, quase bate com o da rubrica “a empenhar” constante do Relatório Resumido da Execução Orçamentária, quinto bimestre, ou seja, setembro/outubro, publicado na IOM do dia 27 de novembro. Lá são apontados R$ 21,978 milhões como valores a serem empenhados e pagos. Será este o “rombo”?

Ou são cifras menores, como disseram recentemente os secretários de Planejamento, Walter José Trindade, e de Governo, Paulo Marcondes? O primeiro falando em R$ 2 milhões, e o segundo, em bem menos, algo em torno de R$ 800 mil. Portanto, fica claro agora que o prefeito não poderá se escudar por detrás de suas “obras” para justificar tanta desconfiança, tantas dificuldades trazidas a fornecedores e prestadores de serviços. Porque por mais “obras” que faça, o alacaide vai sempre usar um mínimo do caixa próprio. Fica todo o resto para ser administrado. Mas, ao que parece, tal incumbência andou distante da agenda de Geninho.