Independentemente do que possam sofismar em vãs filosofias estes ou aqueles próximos dos políticos em questão, nada há que justifique as atitudes e a quebra de um compromisso escrito e assinado por seis homens públicos com vista ao futuro da Casa de Leis. Há quem defenda tais quebras de decoro, sem talvez imaginar que seu político preferido pode estar perdendo a fé pública. Caso de dois leitores do blog que se manifestaram sobre o texto de ontem – “Trair e Coçar é Só Começar” – de forma pouco amistosa e, até, acusatória.

Um deles, que assinou Pedro Souza (pedro.souza@terra.com.br – IP: 201.92.32.102), chegou a dizer que “Se o Toto não votasse nele mesmo ele perderia um eleitor, no caso eu”. Portanto, tal qual seu vereador, particularizando a política, fazendo apologia do anti-decoro. Diz este mesmo eleitor de Toto Ferezin (PMDB) que “Agora sim, sinto que meu candidato, meu vereador, tem maiores forças para me representar”. A questão é: de que tipo de representação o Pedro Souza estará falando? Diz mais, que tem “orgulho” do vereador, por ter feito o que fez. Tudo isso, extensivo ao Guto Zanette (PSB), outro que pode ter manchado para sempre sua biografia política.

Depois, sobra para João Magalhães (PMDB), que no entender de Souza “já foi presidente da Câmara e não fez nada de bom (?)”, acrescentando que “já foi a vez dele. chega”. Como se a Câmara fosse um jogo da amarelinha, ou do “passa-anel”, onde cada um tem a sua vez reservada. E, depois, sobrou também para este miserável blogueiro, sempre vítima dos que querem fazer a defesa dos seus mas não conseguem se não mexerem com quem está quieto. Típica falta de argumento consistente.

Leiam o que disse Souza: “E quanto à palavra ‘traição’, ‘mudar de lado’. Voce Orlando não tem nenhuma moral para falar disso, já que era contra o Carneiro e agora é a favor. Mesma coisa o Marcio Mateus, que foi trazido pelo Geninho e traiu ele e mudou de lado.”

Posso falar por mim. Não era “contra o Carneiro”, era contra o modo como o “prefeito Carneiro” administrava a cidade, politicamente falando. E ainda mantenho meu posicionamento crítico em relação a isso. Embora seja forçoso relatar aqui que em termos administrativos, hoje há muita gente na cidade reconhecendo em Carneiro pessoa à altura da função que exercia. E já ouvi elogios à sua forma de administrar até do “prefeito de fato” da cidade, hoje, Walter Trindade.

E, depois, “a favor” do Carneiro em quê? Hoje ele é apenas um cidadão, como eu e você. Um profisisional médico, não mais político. E como cidadão me dou o direito à boa convivência, pois ali não está mais o político com cujos métodos, em grande parte não concordava. Está o cidadão. Devo lhe virar as costas? O mesmo farei com Geninho quando não for mais prefeito. A menos que ele guarde as mágoas do político para carregar com o cidadão. Aí, azar, porque dele será o sofrimento, já que alma eivada de mágoa não há bálsamo que acalenta.

Sendo assim, Souza, tenho sim, moral para falar de quem eu julgar necessário, desde que, claro, respeitado o âmbito político. Jamais enveredando para o pessoal. E mais: acho que todo mundo tem “moral” para falar de todo político que se preza. Afinal, somos nós os representados, somos nós que os mantemos onde estão, com nossos impostos. Antes de tudo, fomos nós quem os colocamos lá. “uanto ao “errar é humano, insistir no erro é burrice”, também concordo. Porque nossos edis vêm insistindo neste tipo de erro faz algum tempo, já.

Quanto ao Márcio Mateus, meu companheiro de trabalho de todos os dias, antes de concluir que as coisas foram do jeito que você acha que foram, melhor seria perguntar, quem sabe, ao próprio prefeito, como elas, de fato, se deram. Ou, vá perguntar ao próprio Mateus. Se você, depois disso, ainda continuar achando a mesma coisa, fazer o quê? Mas, eu duvido que este seu ponto de vista sobreviva à verdadeira razão do rompimento de ambos.

Depois, tivemos o comentário do João (neto__33@hotmail.com – IP 201.91.121.5), que contesta a palavra “traição”, entendendo-a imprópria, talvez, para a questão em foco. “O que é pior? Acordo entre vereadores costurando o poder ou liberdade de voto diante do momento politico e diante disso rotulado de traição?” Se entendi bem acho que ele está equivocado quanto a este detalhe. “Se na casa de leis, um grupo de vereadores ‘combina’ e promete voto ao companheiro determinando o destino para dois mandatos e não cumprem o prometido……ai sim o vereador traiu seu companheiro”, continua.

Mas, não foi exatamente isso o que aconteceu? “E quando um vereador promete ao eleitor empenho, melhorias e soluções para coisas simples do dia a dia da população e nada faz………..também traiu a população e merecia a mesma cruz de trair um campanheiro prometendo o voto. Veja que a palavra prometer apareceu nas duas versões.” Neto está coberto de razão. E não tem sido outra a nossa postura aqui neste espaço e nos outros veículos nos quais exercemos nossa nobre profissão.

Mas, um detalhe: para o eleitor não se deve “prometer”. Deve-se assumir compromisso, e efetivamente cumprí-lo. Se você bate à porta de um eleitor e pede a ele o voto dizendo que você vai atuar assim ou assado, isso não pode ser uma reles promessa mas, sim, um compromisso. E se Toto e Guto, num primeiro momento, discutiram, debateram e aceitaram o que estava acordado, assinando o termo de compromisso, presume-se que tais decisões estavam amparadas naquilo que fora, antes, compromissado com seus eleitores. Se não, fica a questão: traíram os eleitores lá atrás, traíram os eleitores agora, ou não assumiram nenhum compromisso com eles?

Caso contrário diriam não em 2008, sem esperar 2010 para sofrer desgastes. Ou seja, está claro que houve mudanças no meio do caminho. Também concordo quando você opina que os políticos deviam deixar a briga pelo poder e priorizar as ações visando o bem estar do eleitor (cidadão, antes de tudo, pagador de impostos). E não se trata de a imprensa estar desviando o foco, nem brigando para que um grupo tenha ou não o poder de determinado orgão. Trata-se de cobrar postura firme e ética daqueles que são eleitos para nos representar.

E, para tanto, devem ser homens ilibados, estarem acima do bem e do mal, acima de qualquer suspeita. Ele vai lidar com milhões. Milhões que são nossos. E que eles têm a grande responsabilidade de cuidar. E bem. Mas, para isso, tem o político que ter fé pública para bem exercer a defesa do poder que lhes outorgamos. Quanto à imparcialidade cobrada, acho que imparcialidade é, sempre, estar ao lado do cidadão. Defendendo seus direitos.

E cobrando dos políticos um mínimo de probidade é defender os interesses das camadas populares. Não adianta cobrar imprensa imparcial só quando ela mexe naquilo que não é do agrado do cidadão. Querer uma imprensa imparcial é, também, aplaudí-la quando se mantém vigilante também quanto àquele político do qual se é simpático ou eleitor. Porque, no final, pode restar boas ou más surpresas. No primeiro caso, comprovar que o político escolhido era mesmo merecedor de seu voto, por sua conduta ilibada ao longo de sua gestão. E, no segundo caso, poder lhe servir de bússola na hora de novamente votar, eliminando aquele político de sua lista preferencial, por conduta indevida.

No mais, até.