Blog do Orlando Costa

Verba volant, scripta manent – ANO XVI

Mês: setembro 2010 (Página 3 de 3)

PARA UM JORNALISMO PURO, EIS A RECEITA

Amigos do blog, sempre na tentativa de contribuir para este grande “debate” político-eleitoral, reproduzo abaixo texto de um dos mais respeitados jornalistas do país, publicado em um dos – senão o mais – sérios veículos de informação da Internet, o Observatório da Imprensa, ferramenta eletrônica que tem exatamente esta função: observar, analisar, estudar e contextualizar o jornalismo que se pratica hoje no Brasil, mormente em momentos como esse, e em situações como a que o cenário político-eleitoral está experimentando nos últimos dias. Garanto que vale a pena a leitura desapaixonada. Porque o texto é inteiramente desapaixonado. Ar fresco nesta redoma de mau jornalismo.

ELEIÇÕES 2010
O jornalismo de simulacros

Por Washington Araújo em 7/9/2010
 
 

– Que é a verdade? – disse zombando Pilatos e não esperou pela resposta.

Assim começa Bacon seu Ensaio sobre a Verdade. E Pilatos tinha mesmo razão em não esperar pela resposta: as duas correntes filosóficas dominantes na época – o Epicurismo e a doutrina da Nova Academia – concluíam pela não existência de uma resposta plausível para a questão. Os séculos passaram e encontramos, resistindo ao tempo, a confissão súplice e ardente de Santo Agostinho: “Ó Verdade, Verdade! Quanto intimamente suspiram por ti as medulas de minha alma!” E faltam muitos devotos de Agostinho em nossas redações.

O jornalismo brasileiro que já não era muito assertivo terminou a semana passada vestido em forma de grande ponto de interrogação. Aquela coisa improdutiva e entediante de investigar antes de publicar a matéria foi solenemente escanteada. Estamos sob o império do “grande Se”, sob o domínio do “achismo” desde as coisas mais banais até às mais importantes para o país.

Às favas com a busca da verdade, com as declarações de princípios a invocar reiteradas vezes um simulacro de isenção, imparcialidade, busca incessante pela objetividade jornalística. É como se as primeiras páginas dos jornais, seus espaços nobres e vistosos se transformassem do dia para a noite em editoriais alagadiços, transbordando de uma seção a outra, de uma editoria a outra, irrompendo em colunas de notas políticas, avançando por sobre o colunismo social e até mesmo impregnando o espaço dos leitores com a opinião amplamente expostos em cataclísmicos editoriais e repercutidos ao longo da edição. Ufa! Mas não fica por aí: essa semana teve até o vazamento do áudio do apresentador do Jornal da Globo, William Waack, em que mandava Dilma Rousseff calar a boca.

Atos sórdidos

Há poucos dias tratei neste Observatório da angústia irreprimida da grande mídia pelos tais fatos novos, algo que realmente pudesse quebrar a espinha dorsal da continuidade política que vem se desenhando no horizonte, embalada que é por resultados de pesquisas de opinião praticamente unânimes. E, na falta de fatos novos, vamos de fatos velhos mesmos – afinal, se potencializa isso e aquilo, monta-se imensa colcha de retalhos com restos de escândalos antigos, menos antigos e relativamente novos e, quem sabe?, teremos algo que responda prontamente ao se procurar por seu nome: “Fato novo! Venha aqui! É pra você, fato novo!”

E assim tem sido com o chamado caso da violação do sigilo fiscal de cinco personalidades ligadas ao PSDB, sendo uma a filha do candidato José Serra e também um primo da mulher do candidato. Descobriu-se no mesmo par de dias que foram quebrados os sigilos fiscais de outras 315 pessoas, incluindo-se na numerosa lista o empresário Samuel Klein, dono da Casa Bahia e a da apresentadora da TV Globo, Ana Maria Braga.

O estardalhaço, como previsível, tem seu foco nas figuras do mundo político. É sobre essas cinco pessoas que tanta tinta é gasta, tanto papel é impresso, tanto espaço midiático é concedido e estendido até não mais poder. Quanto aos demais 315, que bem podem ser cinco centenas e meia de pessoas, a indignação não é suficiente para preencher o espaço de nota de rodapé. Tal é a realidade com que nos defrontamos.

Os inquéritos estão todos engatinhando, mas as sentenças finais já foram proferidas há bastante tempo pelos tribunais encastelados em nossas principais redações de jornais, emissoras de rádio e de tevê. A sentença que vem sendo propalada apresenta muitas variações para a não mais que duas conclusões:

1. Os sigilos fiscais das cinco personalidades ligadas ao PSDB foram deliberadamente quebrados com o intuito de favorecer a campanha presidencial de Dilma Rousseff, fazê-la avançar nas pesquisas de opinião pública e, concomitantemente, prejudicar a postulação presidencial de José Serra;

2. Estes atos sórdidos e cafajestes foram adredemente pensados, planejados e executados com conhecimento e aquiescência do comitê que coordena a campanha governista.

Uma coisa ou outra

O que falta é a prática daquilo que atendia pelo nome de bom jornalismo. O caso atual seguirá aos anais da crônica política brasileira como aquele em que a grande imprensa privilegiou a cobertura por ela mesma proferida para o caso, e seu poder imenso para relatar o necessário e indispensável processo de investigação que caso de tal monta continua a ensejar. E são muitos, numerosos, os fios desencapados nas repartições da Receita Federal em Mauá e em Santo André, municípios da grande São Paulo. Um roteiro minimamente razoável poderia ser seguido por jornalistas não-togados para desvendar o cipoal de contradições que o caso apresenta. Se perguntado por algum estudante de jornalismo não hesitaria em prescrever os seguintes passos:

** Refletir sobre o caso em si. É grave? Sim, gravíssimo. E a potencialização pela grande imprensa não seria menos grave. Não é papel da imprensa partidarizar o objeto de sua cobertura. E no presente caso é exatamente isso o que ocorre: as manchetes da manhã seguem direto para a propaganda política do principal beneficiário do affair.

** Há que se retroceder na agenda política do Brasil a setembro de 2009. Estabelecer com o distanciamento crítico possível qual era o quadro político nacional de então: Aécio Neves estaria descartado da indicação tucana para concorrer à presidência da República? Se não, por que algum familiar do então governador mineiro não teve seu sigilo fiscal violado?

** Conceder o benefício da dúvida antes de convocar o pelotão de fuzilamento. Há que se responder objetivamente a algumas questões elementares: e se Dilma Rousseff for completamente inocente? E se o seu partido não tiver qualquer participação com a violação dos sigilos? E se o assunto estiver mesmo restrito à esfera penal e não à esfera político-eleitoral?

** Há que se refletir sobre a ação do PSDB junto ao TSE visando cassar o registro da candidatura governista. Tal ação demonstrou o elevado grau de belicosidade que se busca injetar em uma campanha com tudo para ser modorrenta. Do início ao fim. E recebeu até nome: “Ação Bala de Prata”. Não fosse a firmeza combinada com a serenidade do ministro do TSE Aldir Passarinho e teríamos o país de pernas pro ar. Não se publicou qualquer análise minimamente aprofundada sobre as implicações de tal investida oposicionista.

** Há que se levantar também o outro lado dessa história. A começar por esta singela questão: e se a gestação do atual escândalo foi premeditada, planejado com bastante antecedência para surgir como fato novo com poder de fogo capaz de levar a eleição do primeiro para o segundo turno?

** Há que se buscar a motivação da candidata governista ao desejar – ainda em setembro de 2009 – recolher de forma ilegal, e flagrantemente criminosa, informações contidas na declaração de renda de Verônica Serra, a filha do então governador paulista José Serra.

** Há que se descobrir a motivação para bisbilhotar o sigilo fiscal de Eduardo Jorge Caldas Pereira, vice-presidente do PSDB e de outros quadros do partido. O mesmo quando apresentadora Ana Maria Braga e o empresário Samuel Klein.

** Há que se notar que, no caso específico da quebra do sigilo de Verônica Serra, surgiu uma procuração falsificada da primeira à última letra e que tem como personagem central o hoje notório contador Antonio Carlos Atella. Notícias dão conta que o personagem carrega consigo perfil inequívoco do clássico estelionatário. Afinal trata-se de cidadão que chegou a possuir não apenas um CPF, mas cinco CPFs e que, sem papas na língua, pretende vender por bom dinheiro informações sobre seu modus operandi e, em suas palavras, “com essa estória vou me arrumar”. Seria importante levantar a vida pregressa do atilado contador, vasculhar seus computadores, devassar sua vida profissional sempre com o devido respaldo legal.

** Projetar o presente caso no futuro buscando um padrão. Por exemplo, analisar sobre que ações poderiam proteger a sociedade brasileira da ação de delinqüentes interessados em turvar o processo eleitoral.

Uma coisa é certa: ou a imprensa se contenta em ser imprensa ou então desiste disso e funda uma agremiação política. Diretrizes partidárias não faltariam, a começar pela visceral defesa da liberdade de prensa, de imprensa, de empresa. O desafio seria saber delimitar uma de outra.

O ‘RAIO-X’ DA PRESSA COM O ATERRO SANITÁRIO

O EX-LIXÃO

O EX-LIXÃO

Amigos do blog (abraços aos tucanos que me seguem todos os dias!), era esperado que fosse à sessão ordinária da Câmara da noite de hoje, 8, projeto de Lei do Executivo tratando da implantação em Olímpia e imediata concessão do aterro sanitário. Trata-se de um projeto gigante, onde a empresa vencedora poderia atender diversos outros municípios da macro-região, que aqui depositariam também o seu lixo. O projeto não está na pauta, mas estará provavelmente na sessão de segunda-feira, 13.

O presidente Hilário Ruiz (PT) decidiu não pautá-lo porque quer que este assunto “seja bem esmiuçado”, por se tratar de uma decisão que causará enorme impacto ambiental à cidade como um todo, e não há como negar isso. Nosso meio-ambiente, a partir deste aterro sanitário, não mais será o mesmo. Embora todas as técnicas à disposição de quem se dispõe a atuar nesta seara comercial. Sim, porque de tempos para cá,  os “lixões” municipais perderam esta característica, de quando eram mantidos e manuseados pelo próprio município.

Agora o lixo virou negócio, um ‘quase-luxo’. Pelo interesse que desperta, virou um negócio altamente rentável. Os “lixões” viraram aterro sanitário. E nas localidades onde foram implantados, passaram a acondicionar não só o que os munícípes produzem mas, também, o que outros municípios produzem. Mediante contrato de prestação de serviços, a cidade fica responsável por receber e dar uma destinação a estes “lixos estrangeiros”. Repito, embora todas as técnica à disposição. Mas, é bom lembrar que, mesmo assim, haja degradação do solo, do meio-ambiente!

“O que pretendemos é provocar discussões em torno do assunto de todas as comisões da Câmara, uma a uma se reunindo e analisando o teor do projeto do Executivo”, diz Ruiz. A sociedade civil também deve participar desta discussão. Ela é a parte mais interessada, porque será a mais prejudicada caso algo dê errado. O presidente diz ainda que pediu laudo técnico de empresa especializada no ramo. O projeto ainda poderá receber emendas de vereadores, decisão tomada após reunião havida na tarde de quinta-feira da semana passada, 2, entre o prefeito Geninho (DEM) e vereadores.

Na sala “Luiz Salata Neto”, da Câmara, o prefeito conversou com o presidente Ruiz e com os vereadores Magalhães, José Elias Morais, Priscila Foresti (Guegué), Guto Zanette, Toto Ferezin, Aguinaldo Moreno (Lelé), Dirceu Bertoco e Salata. Não sem antes rolar um bom estresse, na ocasião houve um pré-acordo entre os poderes, no qual o Executivo se comprometeu a encaminhar substitutivo ao projeto de Lei nº 4.212/2010, que “Autoriza o Poder Executivo a outorgar em regime de concessão, mediante licitação, a implantação, operação e manutenção de Aterro Sanitário devidamente licenciado por órgãos ambientais no Município de Olímpia”.

O Executivo aceitou parte das sugestões apresentadas no parecer jurídico, do escritório “Baptista e Cherubini Sociedade de Advogados”, solicitado pela Comissão de Justiça e Redação. Houve também o compromisso do prefeito encaminhar um plano municipal de Saneamento Especifico para Resíduos Sólidos. O substitutivo será apreciado pela Comissão de Justiça e Redação com a possibilidade de ser incluído na pauta da Sessão Ordinária do dia 13 de setembro.

Porém, o que há para ressaltar nesta situação toda é a pressa do prefeito em resolver o problema. E resolver nestes moldes que ele está querendo. Porque se fosse a implantação pura e simples do “lixão” à moda antiga, claro que toda cidade deveria estar de acordo, a Câmara, a opinião publica e até os críticos de certas atitudes do alcaide. Aí se mostraria ele procupado com o bem estar do cidadão pagador de impostos. Mas, não é este o caso e não parece ser esta ânima que move Geninho. Parece mais uma tacada comercial, que uma preocupação ambiental-conservacionista.

Já disse o alcaide, em certa ocasião, à frente de muitas testemunhas, que precisa instalar este aterro sanitário porque o município “precisa ganhar dinheiro”. Como se fosse o município um ramo do mercado e não uma “instituição sem fins lucrativos”. E fazendo coro a esta assertiva do alcaide, alguns observadores já vaticinaram: a pressa é porque ele precisa viabilizar tudo ainda nesta sua gestão, porque o amanhã a Deus pertence. E caso o Senhor Supremo do Universo decida, com sua força, provocar um rodízio da cadeira principal do Paço Municipal 9 de Jullho, em 2012, tudo estará sacramentado. E prefeito outro nenhum teria coragem de obstruir o projeto, ou parar a coisa na metade, ou mesmo cancelar tudo depois de pronto. Este seria o “raio-X” da pressa.

O VALE-TUDO ELEITORAL E A PRAÇA PERDIDA

Amigos do blog, a cidade já está em pleno “bombardeio” eleitoral, com candidatos de tudo quanto é naipe tentando abocanhar um votinho aqui outro ali, trabalhados por cabos eleitorais mais ou menos importantes, mas todos com o fito de fazer bonito frente ao nome que ostenta na cidade. Interessante notar que nesta campanha não houve divisão em muitos grupos políticos, poderia se dizer que em termos de grupo seriam dois apenas, no espectro político da cidade: um capitaneado pelo prefeito Geninho (DEM), outro pelo ex-prefeito Carneiro (PMDB). Geninho trabalhando por Rodrigo Garcia (DEM) a federal, e Carneiro, por Uebe Rezeck, a estadual.

No mais, são políticos que trabalham de forma isolada por uma dobradinha, caso de Hilário Ruiz, com Beth Sahão e Antonio Metor, dois petistas, ou Dirceu Bertoco, que sozinho leva os nomes do Valdemar da Costa Neto, para federal, e André do Prado, para estadual, ambos do PR. E que se saiba, os demais estão na circunferência do prefeito, em torno de Rodrigo Garcia e um deputado estadual, o máximo que o mandante-em-chefe permitiu. Ele próprio tem como estadual o ex-prefeito de Santa Fé do Sul, Itamar Borges.

Afinal, em nada lhe é interessante a eleição de Fernando Lucas, “apadrinhado” por Rodrigo Garcia, que se tornará uma pedra em sua caminhada rumo à Assembléia, em 2014. Há quem diga que ele até estaria fazendo uma certa torcida para nada dar certo a Lucas. O prefeito, por sua vez, precisa encher o bornal de Garcia de votos, por uma questão de honra. Por isso faz na cidade, por Garcia, uma campanha como se para prefeito fora. Precisa dobrar os votos dados a ele quando ainda era vereador.

Se falamos em dobrar votos, falamos em alguma coisa em torno de oito a dez mil, já que na eleição passada, Garcia teve por aqui nada menos que 4.683 votos. O que o olimpiense terá a oportunidade de saber, nesta eleição, é se a força dos votos é do cabo-eleitoral Geninho ou dele próprio, Garcia. Dobrar os votos ou repetir os números dará a resposta. E nesse mister, vale tudo ou, melhor, quase tudo, porque afinal, tem muita gente de olho.

O que se espera é que não esteja havendo uso do dinheiro do município na campanha, por meios outros que no fim não se fica sabendo. Por exemplo, usando-se a máquina, se está implicitamente usando do dinheiro público, de forma indireta.

Para dobrar o número de votos de Garcia em Olímpia vale também apelar. Por exemplo, atribuir a ele benefícios que não exatamente ele trouxe para a cidade, ou mesmo relacionar obras que sequer sairam do papel e, se sairam, vêm se arrastando, mas que no ‘jornalzinho’ de campanha são dadas como prontas. Exemplo, estação de tratamento de esgoto, chamando “100% de esgoto tratado”, quando o próprio Governo Municipal admite que não ficará pronta este ano e corre o risco de não sair nem no ano que vem, dada a burocracia, mudança de Governo e coisa e tal.

O recape das vicinais, que por reiteradas vezes já foi dito que a obra faz parte de um programa macro do Governo Estadual, e foi um compromisso de campanha assumido por Serra quando aqui esteve para lançar sua campanha ao Governo do Estado, em 2006. Olímpia, então, foi incluída nos “Pró-vicinais”. Quando saiu, Garcia pegou carona. Outro exemplo, os R$ 700 mil para a reforma da rodoviária. Os amigos acompanharam por este blog e outros veículos de informação a briga pela paternidade do recurso entre o prefeito e o vereador João Magalhães (PMDB), que garantia ter conseguido ele a verba, por meio de emenda do estadual Edmir Chedid.

E tem mais, no jornalzinho do Garcia as praças centrais da cidade agora passaram a ter um nome só: Rui Barbosa. Ao informar que ela ganha “estilo europeu”, mostra uma imagem virtual dela já pronta, com texto dizendo que “(…) a praça matriz Rui Barbosa de Olímpia é dividida em duas partes por escadarias”, e agora vai ganhar uma “interligação”. O que leva à pergunta: Isso significa que nesta administração a cidade vai “perder” a Praça da Matriz? Ela vai passar a ser uma só? Obra de Garcia? Será que já combinaram com o clero local? Ou isso pouco importa nesse nosso arremedo de teocracia administrativa?

E há, ainda, a questão relacionada a asfaltamento de um pedaço de rua na Cohab I que gerou controvérsia, também, já que, atribuído a Garcia, houve quem refutasse a informação, dizendo ser trabalho antigo, do demista Chedid, por meio de Magalhães. E no cômputo geral, o jornalzinho “informa” que Garcia trouxe R$ 42 milhões para Olímpia. Mas não diz em que período este dinheiro veio para a cidade, lembrando que representa quase metade do Orçamento já estimado para o ano que vem, de R$ 90 milhões. É muito dinheiro.

E muito provavelmente, são valores que não condizem com a realidade, porque na soma daquilo que consideramos efetivamente trazido por Garcia e aquilo que não consideramos, alcança-se R$ 3.656.500. As outras verbas maiores, como já dissemos acima, foram ações diretas entre Governo do Estado e município, quando não com a União, que neste Governo já liberou mais de R$ 5,8 milhões para Olímpia. Será que está tudo na conta de Garcia?

‘CHAPA BRANCA’ OU ‘BLOG SUJO’, EIS O DILEMA

Amigos do blog, está muito em voga nesta eleição acusar blogs que postam comentários negativos à pessoa ou à campanha de Serra, ou mesmo da tucanalha de modo geral, de “blogs sujos”, que no entender do candidato Serra seriam ainda sustentados com recursos do PT ou do Governo Lula. E esta semana, para minha surpresa, o candidato oposicionista apropriou-se de um termo que já usei neste espaço por várias vezes, para designar o blog (que outra coisa não é senão site de notícias oficiais) do colega Concon: andou chamando estas ferramentas de informações de “chapa branca”.

Pois bem, a curiosidade disso é que os dois termos, o primeiro inventado por Serra, e o segundo usado por nós, aqui, agora se encontram na bifurcação do mal jornalismo com o jornalismo “de encomenda”. Nos últimos dias, o site oficial do Concon, “chapa branca” por excelência, decidiu ser também um dos “blogs sujos” tão execrados pelo candidato do seu patrão, que considera estarem eles a serviço da candidatura situacionista. Não se pode exigir que o nobre colega se exima de manifestar sua preferência ou de ao menos cumprir ordens emanadas de seus superiores.

Mas, o que se esperava de um espaço que é tido por seu próprio mantenedor como de informações sérias, verdadeiras, isentas, sem críticas gratuitas e por aí afora, tivesse um comportamento mais comedido e pautado pelas regras do sagrado ofício de passar informação. E informação é conhecimento. O nobre colega, ao que parece, perdeu o fio da meada. Tem publicado material a respeito de Dilma Rousseff, candidata petista ao Palácio do Planalto que, no mínimo, poderia ser classificado como absurdo, para não dizer outra coisa. O que tem sido publicado não se trata de material jornalístico – aliás está muito longe disso. Concon parece que decidiu rasgar o manual do bom jornalismo, que diz ter apreendido dos grandes “cobras” da capital ou de outras cidades maiores.

Ainda que ele esteja a mando de alguém, algum grupo político, ou mesmo do grande cabo eleitoral demotucano da localidade, o prefeito Geninho (DEM), ainda assim lembramos – mais uma vez – que é o nome dele e a credibilidade do seu blog que estão em jogo. O profissional é ele, os outros são políticos. Os outros passarão, ele ficará. Quem sabe também o blog(site) perdure. E para isso é preciso que a credibilidade que ele propaga ter sua ferramenta de notícias, também sobreviva.
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ATÉ TU, GUTO!
Foi com este título que o semanário Planeta News – que tanto incomoda as hostes palacianas – publicou nota, na coluna “Cá Entre Nós da Redção”, analisando a mudança de bancada na Câmara Municipal envolvendo Guto Zanette (PSB), que deixou a “coalizão” e foi se aninhar na bancada situacionista, onde outros três vereadores eleitos pela oposição já estão: Bertoco (PR), Zé Elias e Toto Ferezin (PMDB). Diz a nota: 

“Guto Zanete tinha tudo para exercer liderança: juventude, vontade e berço esplendido. Foi eleito pela sobra da coligação que quase elegeu Valter Gonzalis prefeito. Suportou a pressão inicial e dava mostras de que era diferenciado. Engano. Agiu exatamente igual àqueles que pulam de galho em galho em troca de favores. De Guto não se esperava isso. Mas aconteceu. Ele recebeu de presente “A Arte da Guerra”, de Sung Tzu. Ou não leu, ou não entendeu nada. Se acima foi escrito que ele se elegeu com a sobra, sua atitude nos leva a concluir que foi eleito pelo resto. Será dono de um mandato só.
Consta que o vereador ficou muito bravo, se queixando pelos corredores da Câmara, dizendo coisas do tipo: “Eles deviam me agradar, para de repente eu voltar (à bancada)”. Estranha concepção esta de Zanette. Se pensa em voltar, por que saiu? E se quer voltar, por que precisa ser “agradado”? Basta voltar e pronto! Aliás, seria muito mais digno de sua parte se fizesse isso, do ponto de vista ético e político, do que o contrário, abandonando os parceiros que o acolheram e com ele formalizaram acordo, por escrito, de manter a Mesa. E é bom lembrar que na “coalizão” Guto Zanette jamais foi obrigado a votar em nada. Ao contrário da atual situação em que se encontra, cuja condição sine-qua-non é tornar-se, como se dizia antigamente, “vaquinha-de-presépio”.
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O LIXO, FINALMENTE
SELOU O DESTINO?
Como era de se esperar, a Multi Ambiental acaba de se tornar coletora e transportadora oficial do lixo da cidade, vencedora que foi do pregão presencial 59, concluído ontem pela manhã na prefeitura municipal. Ela venceu duas concorrentes, por uma diferença de apenas R$ 50. Ofereceu R$ 233.700, contra R$ 233.750 oferecidos por uma tal de Alfalix Ambiental Ltda., que consta ser de Monte Alto. Houve uma terceira participante, chamada Construtora(?) Bonfort Ltda., que ofereceu R$ 246 mil, mas cuja sede e outras informações não puderam ser verificadas na Internet.

Duas empresas foram impugnadas – Macchionni, de Catanduva, e Quality. Mas, se por um lado há uma sensação de alivio por parte do Executivo por finalmente solucionar o problema, que se arrastava por quase um ano e meio, por outro sobram rumores de que a coisa ainda pode “babar”. É que a Constroeste, aquela empresa rio-pretense que por duas ou três vezes impugnou o edital do lixo, teria avisado que não vai desistir da empreitada. Mas, de que forma ela poderá agir agora, só esperando para ver.
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TRANSPORTE TAMBÉM
Outro problema que se arrastava por mais de um ano também foi resolvido agora, segundo informações oficiais. A Bontur Turismo Ltda., empresa de Barretos que vários anos presta serviços de transporte coletivo urbano na cidade, e a partir desta gestão por meio de contrato de emergência, acaba de ser declarada habilitada vê vencedora da concorrência pública nº 01/2010, conforme publicação no Diário Oficial do Estado-DOE de 31 de agosto. O contrato de emergência renovado com a empresa terminaria em 14 de outubro. A emperesa ofereceu o valor de R$ 250.176.
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QUANTO CUSTOU
O RODEO FESTIVAL
(ATÉ ONDE SE SABE)
Pelo menos na parte, digamos, visível do evento, as contas que vão sendo apresentadas em conta-gotas pelo Executivo Municipal, só fazem engordar cada vez mais as cifras referentes ao 2º Olímpia Rodeo Festival, realizado em junho passado. A festa custou R$ 587.891 até agora, conforme publicações de extratos de contratos apuradas pelo blog. Na edição de hoje da Imprensa Oficial do Município-IOM, a prefeitura vem de publicar mais alguns gastos, além daqueles referentes às contratações dos shows, já divulgados por nós (R$ 467 mil). Agora, dá-se conta de mais R$ 120.891.

Dos quais, R$ 28.200 foram gastos com cobertura das arquibancadas, lounge e camarotes, fornecida pela 4D Locações de Equipamentos para Eventos Ltda.; R$ 34.980 com a empresa Borghetti & Carmo Ltda, que fez a locação do palco, geradores, gradil e fechamento, e outros R$ 57.711 foram gastos com a Marcos Antonio Gaetan, que foi locada para fazer a captação e transmissão de imagens. Total, R$ 120.891 que, somados aos cachês dos artistas, chega a um valor de R$ 587.891.

No tocante aos artistas, duas empresas trouxeram as duplas para as apresentações. Foram cinco shows, mesmo número dos apresentados em 2009, mas a um preço 7,9% maior. Os cantores Edson (ex Edson&Hudson), Daniel, e as duplas Christian&Ralf, Milionário&José Rico e Fernando&Sorocaba, custaram aos cofres públicos, R$ 467 mil. No ano passado, com verba do Ministério do Turismo, ausente nesta edição, pagou-se um total de R$ 436.683 por duplas sertanejas e a banda Jota Quest.

Até.

O DIREITO DEMOCRÁTICO DE OPINAR

Amigos do blog, um tal senhor Regis Eduardo Bastian, que assina documento como presidente (AGAP[?]) de uma tal FEBRARP (Federação Brasileira de Artes Populares), localizada em Montenegro-RS, acaba de encaminhar para alguns órgão de comunicação da cidade um texto intitulado “A problemática dos festivais!”, onde faz uma análise dos problemas que imagina cercam os festivais de cultura popular pelo país e dedica um capítulo especial ao Fefol de Olímpia, mas descendo a detalhes que ficaria bem apenas a quem com ele convive há anos, ou mesmo aqui vive e dele conhece todas as nuances.

Tece comentários críticos, e opina, onde não deveria se imiscuir, na verdade cometendo uma descortersia, na nossa opinião de amante e ente por demais preocupado com as coisas por aqui. Desnecessário ter que ler tais linhas demeritórias e, quiçá, redundante sobre nossa Festa Maior. Além do que discorre sobre o futuro do evento propondo soluções do nosso ponto de vista inadequadas e totalmente fora do contexto daquilo que é a proposta original do seu criador e principal mentor, José Sant´anna. Eduardo Bastian é aquele mesmo que junto com seu grupo, foi impedido de vir se apresentar este ano em Olímpia.

Ele começa contando que “recentemente estivemos na Europa com o ‘Boi de Morros’ que já se fez presente em festivais de Olímpia (ano retrasado), atendendo festivais de folclore na Bélgica, França, Suíça e Holanda, alguns dos mais importantes festivais internacionais de folclore do mundo e lá mesmo já pude constatar que o mundo dos festivais de folclore está em apuros, com dificuldades econômicas, falta de público, etc. Na verdade foi apenas uma confirmação de uma tendência mundial iniciada a cerca de 4-5 anos atrás: a extinção dos festivais de folclore, situação sentida na pele em nosso próprio festival no ano de 2007, tido até então como o maior festival internacional de artes populares da América, reunindo a cada edição cerca de 20 países. Desde então muitos festivais deixaram de existir aqui no Brasil bem como em diversas partes do mundo, alguns deles muito grandiosos e importantes em seus respectivos países”.

ADENDO: Aqui, o missivista mistura alhos com bugalhos, espetáculo com manifestação cultural. Porque nós também já tivemos o nosso Festival Internacional, que acabou. Por falta de público e por dificuldades econômicas. Apesar da “casca” de evento de cunho cultural, de “entrelaçamento de culturas”, não passava de espetáculo de brilho, cores e luzes. Sendo assim, sempre carecendo de renovação a cada ano.

Mas, choca o que vem depois, uma mistureba de pensamentos disformes: “Em épocas de sociedade moderna, muito pouco se investe em cultura popular, folclore, uma vez que estas manifestações são consideras ultrapassadas pela grande maioria da população, e geralmente são manifestações da grande massa popular, gerando então uma falta de investimento por parte de nossos governantes, bem como iniciativa privada, devido a péssimas políticas culturais dos governos”. Entendeu?

ADENDO: Talvez ele tenha querido dizer que por estarmos numa sociedade moderna e sermos povo, muito pouco estamos investindo na nossa cultura, o folclore, porque estas nossas manifestações são consideradas por nós mesmos, que formamos a grande maioria da população, ultrapassadas, porque se bobear são manifestações da grande massa popular, que somos nós mesmos, e por isso acabaria gerando falta de investimento por parte de nossos governantes, pela iniciativa privada – que de resto não são massa, não são o popular – porque nossos governos têm péssimas políticas culturais. Entendeu?

Então, tá, vamos em frente: “Na atualidade, o termo mecenas perdeu o seu valor, não existe mais quem faça uma doação, patrocínio sem alguma recompensa ou incentivo fiscal e isto deve ser repensado não apenas pelos governantes más também pelos organizadores dos festivais que precisam apresentar um produto que agregue imagem ao patrocinador e que a logomarca não seja apenas mais uma num montante geral. Patrocinadores precisam de visibilidade! Entendeu?

ADENDO: Quem sabe a solução não estaria em uniformizar os integrantes dos grupos folclóricos, tipo folia de reis com camisetas da Coca-Cola, Moçambique com roupas que remetam a algum produto de consumo em larga escala e jingles, sim, jingles de campanhas publicitárias em profusão. O patrocinador, afinal, precisa aparecer!

Depois, diz o missivista que “a falta de interesse do público é o fator responsável pela extinção em massa dos festivais, a perda de seu público fiel. Mas porque o público deixa de comparecer: muito simples, já viram tudo isso várias vezes e porque teriam de ver mais uma vez?”.

ADENDO: Por que, então, festas de peão estão sempre cheias? Nelas o público não vai ver sempre as mesmas coisas?

Enfim, vamos em frente: “Existem exemplos clássicos de festivais que perderam cerca de 50% do seu público no decorrer de apenas oito anos, devido à falta de renovação dos festivais e isto tudo ocorreu por um simples motivo: falta de renovação!” Entenderam?

ADENDO: Quem fica sem renovação e depois sem renovação perde público.

Adiante: “Nenhum evento sobrevive por décadas sem apresentar coisas novas a cada edição! Você precisa chamar o público para o novo, pois o velho já saturou e não precisam ver mais.”

ADENDO: Todos para o Museu mais próximo, por favor!

Bom, aí ele vai dizer o que tudo isso tem a ver com Olímpia. Vamos lá:

“Olímpia é um exemplo clássico onde se agregam os dois fatores no mesmo festival, onde o mesmo corre um sério risco de extinção num futuro próximo: O público deixou de acompanhar o evento, posso afirmar com toda certeza que o FEFOL perdeu mais de 50% de seu público no decorrer de seus últimos 10 anos e isto sem sombra de dúvida tem relação com o fato de todo ano o festival ser praticamente a mesma coisa, não despontando interesse na população em ir uma vez gostar e voltar amanhã porque haverá algo novo na programação.”

ADENDO: Quando se faz algo com vistas a transmitir conhecimento e cultura, por meio de festivais, exposições, encenações, leitura etc., deve-se fazê-lo de forma linear e constante, mantendo-se sempre a essência daquilo que se quer transmitir, preservando sua estrutura e variando, mas nem sempre, o tema, enraizando o teorema. Assim, como colocar “algo novo” na programação, na acepção que o missivista dá ao termo? 

E tem mais: “O festival precisa inovar unir o velho com o novo, penso que a postura de começar a voltar a ser o FEFOL de antigamente poderá ser desastrosa no final das contas, pois o público não quer apenas ver o folclore de raiz, o povo quer ver show, cor e emoção e não serão os grupos de raiz que conseguirão fazer isso e sustentar a estrutura do FEFOL, a não ser que ocorra uma mudança radical e o FEFOL realmente não precise se preocupar com público e sim fazer apenas um encontro de grupos folclóricos, mas ai não tem sentido fazer o festival! Então deve haver uma junção dos dois, porque não fazer dois festivais em um só? Um folclórico e outro parafolclórico? Cada um com seu espaço no festival.  Espaço para isso há! O FEFOL em si precisa tomar uma atitude mais profissional e moderna e apresentar uma programação inovadora, agregando valores a sua imagem, uma programação que será seguida à risca com horários, ordem de apresentação sem grandes mudanças de última hora, evitando atrasos, cortes e suplementação de grupos. O festival ser de folclore, porém não ser folclórico em sua organização! Creio que inclusive a coordenação precisa de mudanças sérias para que tudo isso seja possível.”

ADENDO: Viram, o gaúcho não está para brincadeiras. Percebam que ele faz parte da turma que quer “modernizar” o Festival do Folclore de Olímpia. E vai mais adiante: propõe a divisão entre “pobres” e “ricos”, o divisionismo social presente numa festa que tem, entre seus objetivos, também o de fazer a elite social entender-se um pouco mais, conhecer-se, saber de suas origens, não ter vergonha de se olhar no espelho. E para isso é preciso que todos nós, amantes do purismo cultural, torçamos para que as coisas ganhem força seguindo por este caminho. O resto é mera tergiversação ilusória. Principalmente quando apontada por quem mora do outro lado do país, cultivador de culturas de outras plagas do mundo, consta até que com predominância argentina.

Mas, para concluir e, descartando o parágrafo final da missiva, que foca somente na questão do marqueting, como se lidar com cultura fosse qualquer coisa, eis o último trecho a reproduzir: “O jovem precisa ter mais espaço no festival tanto na organização, bem como na programação, pois o futuro do festival a eles pertence, o que será do FEFOL quando os “velhos guerreiros” não estiverem mais por aí?

ADENDO: Pois é, seu Regis, pois é. O que fazer quando os “velhos guerreiros” não mais estiverem aqui, não é? A juventude vai tomar conta? Pois bem, então é para ela que devemos voltar nosso foco. Não se poderá entregar tão importante evento nas mãos de uma juventude vazia, que já está delineando a sociedade do nada que vem por aí. Por isso o mais importante, do ponto de vista da prerservação dos laços do povo com suas raízes, é manter o nosso Fefol nos moldes em que está, sem “modernismos”. Porque cultura se absorve convivendo com ela. São pois os jovens que devem crescer à altura de alcançar a magnitude do que fazemos aqui, e não o que fazemos aqui ter que se apequenar a ponto de ser apreciado, absorvido e apreendido pelos jovens vazios que a sociedade atual está produzindo. E produzindo por mecanismos que o senhor mesmo revela em sua missiva eletrônica. Não acha?

Até.

EIS O QUE FEZ SERRA PERDER O PRUMO DAS ELEIÇÕES

O Conversa Afiada recebeu de amigo navegante mineiro o texto que serve de introdução ao livro “Os porões da privataria” de Amaury Ribeiro Jr., que será lançado logo depois da Copa, em capítulos, na internet.

Vai desembarcar na eleição.

É um trabalho de dez anos de Amaury Ribeiro Jr, que começou quando ele era do Globo e se aprofundou com uma reportagem na IstoÉ sobre a CPI do Banestado.

Não são documentos obtidos com espionagem – como quer fazer crer o PiG (*), na feroz defesa de Serra.

É o resultado de um trabalho minucioso, em cima de documentos oficiais e de fé pública.

Um dos documentos  Amaury Ribeiro obteve depois de a Justiça lhe conceder “exceção da verdade”, num processo que Ricardo Sergio de Oliveira move contra ele. E perdeu.

O processo onde se encontram muitos documentos foi emcaminhado à Justiça pelo notável tucano Antero Paes e Barros e pelo relator da CPI  do Banestado, o petista José Mentor.

Amaury mostra, pela primeira vez, a prova concreta de como, quanto e onde Ricardo Sergio recebeu pela privatização.

Num outro documento, aparece o ex-sócio de Serra e primo de Serra, Gregório Marin Preciado no ato de pagar mais de US$ 10 milhões a uma empresa de Ricardo Sergio.

As relações entre o genro de Serra e o banqueiro Daniel Dantas estão esmiuçadas de forma exaustiva nos documentos a que Amaury teve acesso. O escritório de lavagem de dinheiro Citco Building, nas Ilhas Virgens britânicas, um paraíso fiscal, abrigava a conta de todo o alto tucanato que participou da privataria.

Não foi a Dilma quem falou da empresa da filha do Serra com a irmã do Dantas. Foi o Conversa Afiada.
Que dedica a essa assunto – Serra com Dantas – uma especial atenção.

Leia a introdução ao livro que aloprou o Serra:


Os porões da privataria

Quem recebeu e quem pagou propina. Quem enriqueceu na função pública. Quem usou o poder para jogar dinheiro público na ciranda da privataria. Quem obteve perdões escandalosos de bancos públicos. Quem assistiu os parentes movimentarem milhões em paraísos fiscais. Um livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que trabalhou nas mais importantes redações do país, tornando-se um especialista na investigação de crimes de lavagem do dinheiro, vai descrever os porões da privatização da era FHC. Seus personagens pensaram ou pilotaram o processo de venda das empresas estatais. Ou se aproveitaram do processo. Ribeiro Jr. promete mostrar, além disso, como ter parentes ou amigos no alto tucanato ajudou a construir fortunas. Entre as figuras de destaque da narrativa estão o ex-tesoureiro de campanhas de José Serra e Fernando Henrique Cardoso, Ricardo Sérgio de Oliveira, o próprio Serra e três dos seus parentes: a filha Verônica Serra, o genro Alexandre Bourgeois e o primo Gregório Marin Preciado. Todos eles, afirma, tem o que explicar ao Brasil.

Ribeiro Jr. vai detalhar, por exemplo, as ligações perigosas de José Serra com seu clã. A começar por seu primo Gregório Marín Preciado, casado com a prima do ex-governador Vicência Talan Marín. Além de primos, os dois foram sócios. O “Espanhol”, como (Marin) é conhecido, precisa explicar onde obteve US$ 3,2 milhões para depositar em contas de uma empresa vinculada a Ricardo Sérgio de Oliveira, homem-forte do Banco do Brasil durante as privatizações dos anos 1990. E continuará relatando como funcionam as empresas offshores semeadas em paraísos fiscais do Caribe pela filha – e sócia — do ex-governador, Verônica Serra e por seu genro, Alexandre Bourgeois. Como os dois tiram vantagem das suas operações, como seu dinheiro ingressa no Brasil …

Atrás da máxima “Siga o dinheiro!”, Ribeiro Jr perseguiu o caminho de ida e volta dos valores movimentados por políticos e empresários entre o Brasil e os paraísos fiscais do Caribe, mais especificamente as Ilhas Virgens Britânicas, descoberta por Cristóvão Colombo em 1493 e por muitos brasileiros espertos depois disso. Nestas ilhas, uma empresa equivale a uma caixa postal, as contas bancárias ocultam o nome do titular e a população de pessoas jurídicas é maior do que a de pessoas de carne e osso. Não é por acaso que todo dinheiro de origem suspeita busca refúgio nos paraísos fiscais, onde também são purificados os recursos do narcotráfico, do contrabando, do tráfico de mulheres, do terrorismo e da corrupção.

A trajetória do empresário Gregório Marin Preciado, ex-sócio, doador de campanha e primo do candidato do PSDB à Presidência da República mescla uma atuação no Brasil e no exterior. Ex-integrante do conselho de administração do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), então o banco público paulista – nomeado quando Serra era secretário de planejamento do governo estadual, Preciado obteve uma redução de sua dívida no Banco do Brasil de R$ 448 milhões (1) para irrisórios R$ 4,1 milhões. Na época, Ricardo Sérgio de Oliveira era diretor da área internacional do BB e o todo-poderoso articulador das privatizações sob FHC.

(Ricardo Sergio é aquele do “estamos no limite da irresponsabilidade. Se  der m… “, o momento Péricles de Atenas do Governo do Farol – PHA)
Ricardo Sérgio também ajudaria o primo de Serra, representante da Iberdrola, da Espanha, a montar o consórcio Guaraniana. Sob influência do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, mesmo sendo Preciado devedor milionário e relapso do BB, o banco também se juntaria ao Guaraniana para disputar e ganhar o leilão de três estatais do setor elétrico (2).

O que é mais inexplicável, segundo o autor, é que o primo de Serra, imerso em dívidas, tenha depositado US$ 3,2 milhões no exterior através da chamada conta Beacon Hill, no banco JP Morgan Chase, em Nova York.  É o que revelam documentos inéditos obtidos dos registros da própria Beacon Hill em poder de Ribeiro Jr. E mais importante ainda é que a bolada tenha beneficiado a Franton Interprises. Coincidentemente, a mesma empresa que recebeu depósitos do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, Ricardo Sérgio de Oliveira, de seu sócio Ronaldo de Souza e da empresa de ambos, a Consultatun. A Franton, segundo Ribeiro, pertence a Ricardo Sérgio.

A documentação da Beacon Hill levantada pelo repórter investigativo radiografa uma notável movimentação bancária nos Estados Unidos realizada pelo primo supostamente arruinado do ex-governador. Os comprovantes detalham que a dinheirama depositada pelo parente do candidato tucano à Presidência na Franton oscila de US$ 17 mil (3 de outubro de 2001) até US$ 375 mil (10 de outubro de 2002). Os lançamentos presentes na base de dados da Beacon Hill se referem a três anos. E indicam que Preciado lidou com enormes somas em dois anos eleitorais – 1998 e 2002 – e em outro pré-eleitoral – 2001. Seu período mais prolífico foi 2002, quando o primo disputou a presidência contra Lula. A soma depositada bateu em US$ 1,5 milhão.

O maior depósito do endividado primo de Serra na Beacon Hill, porém, ocorreu em 25 de setembro de 2001. Foi quando destinou à offshore Rigler o montante de US$ 404 mil. A Rigler, aberta no Uruguai, outro paraíso fiscal, pertenceria ao doleiro carioca Dario Messer, figurinha fácil desse universo de transações subterrâneas. Na operação Sexta-Feira 13, da Polícia Federal, desfechada no ano passado, o Ministério Público Federal apontou Messer como um dos autores do ilusionismo financeiro que movimentou, através de contas no exterior, US$ 20 milhões derivados de fraudes praticadas por três empresários em licitações do Ministério da Saúde.

O esquema Beacon Hill enredou vários famosos, entre eles o banqueiro Daniel Dantas. Investigada no Brasil e nos Estados Unidos, a Beacon Hill foi condenada pela justiça norte-americana, em 2004, por operar contra a lei.

Percorrendo os caminhos e descaminhos dos milhões extraídos do país para passear nos paraísos fiscais, Ribeiro Jr. constatou a prodigalidade com que o círculo mais íntimo dos cardeais tucanos abre empresas nestes édens financeiros sob as palmeiras e o sol do Caribe. Foi assim com Verônica Serra. Sócia do pai na ACP Análise da Conjuntura, firma que funcionava em São Paulo em imóvel de Gregório Preciado, Verônica começou instalando, na Flórida, a empresa Decidir.com.br,  em sociedade com Verônica Dantas, irmã e sócia  do banqueiro Daniel Dantas, que arrematou várias empresas nos leilões de privatização realizados na era FHC.

Financiada pelo banco Opportunity, de Dantas, a empresa possui capital de US$ 5 milhões. Logo se transfere com o nome Decidir International Limited para o escritório do Ctco Building, em Road Town, ilha de Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas. A Decidir do Caribe consegue trazer todo o ervanário para o Brasil ao comprar R$ 10 milhões em ações da Decidir do Brasil.com.br, que funciona no escritório da própria Verônica Serra, vice-presidente da empresa. Como se percebe, todas as empresas tem o mesmo nome. É o que Ribeiro Jr. apelida de “empresas-camaleão”. No jogo de gato e rato com quem estiver interessado em saber, de fato, o que as empresas representam e praticam é preciso apagar as pegadas. É uma das dissimulações mais corriqueiras detectada na investigação.

Não é outro o estratagema seguido pelo marido de Verônica, o empresário Alexandre Bourgeois. O genro de Serra abre a Iconexa Inc no mesmo escritório do Ctco Building, nas Ilhas Virgens Britânicas, que interna dinheiro no Brasil ao investir R$ 7,5 milhões em ações da Superbird. com.br que depois muda de nome para  Iconexa S.A…Cria também a Vex capital no Ctco Building, enquanto Verônica passa a movimentar a Oltec Management no mesmo paraíso fiscal. “São empresas-ônibus”, na expressão de Ribeiro Jr., ou seja, levam dinheiro de um lado para o outro.

De modo geral, as offshores cumprem o papel de justificar perante o Banco Central e à Receita Federal a entrada de capital estrangeiro por meio da aquisição de cotas de outras empresas, geralmente de capital fechado, abertas no país. Muitas vezes, as offshores compram ações de empresas brasileiras em operações casadas na Bolsa de Valores. São frequentemente operações simuladas tendo como finalidade única internar dinheiro nas quais os procuradores dessas offshores acabam comprando ações de suas próprias empresas… Em outras ocasiões, a entrada de capital acontecia através de sucessivos aumentos de capital da empresa brasileira pela sócia cotista no Caribe, maneira de obter do BC a autorização de aporte do capital no Brasil. Um emprego alternativo das offshores é usá-las para adquirir imóveis no país.

Depois de manusear centenas de documentos, Ribeiro Jr. observa que Ricardo Sérgio, o pivô das privatizações — que articulou os consórcios usando o dinheiro do BB e do fundo de previdência dos funcionários do banco, a Previ, “no limite da irresponsabilidade” conforme foi gravado no famoso “Grampo do BNDES” — foi o pioneiro nas aventuras caribenhas entre o alto tucanato. Abriu a trilha rumo às offshores e as contas sigilosas da América Central ainda nos anos 1980. Fundou a offshore Andover, que depositaria dinheiro na Westchester, em São Paulo, que também lhe pertenceria…

Ribeiro Jr. promete outras revelações. Uma delas diz respeito a um dos maiores empresários brasileiros, suspeito de pagar propina durante o leilão das estatais, o que sempre desmentiu. Agora, porém, existe evidência, também obtida na conta Beacon Hill, do pagamento da US$ 410 mil por parte da empresa offshore Infinity Trading, pertencente ao empresário, à Franton Interprises, ligada a Ricardo Sérgio.

(1)A dívida de Preciado com o Banco do Brasil foi estimada em US$ 140 milhões, segundo declarou o próprio devedor. Esta quantia foi convertida em reais tendo-se como base a cotação cambial do período de aproximadamente R$ 3,2 por um dólar.
(2)As empresas arrematadas foram a Coelba, da Bahia, a Cosern, do Rio Grande do Norte, e a Celpe, de Pernambuco.

PARA CONTRIBUIR UM POUCO MAIS COM O DEBATE

ELEIÇÕES 2010
A busca por um fato novo

Por Washington Araújo em 31/8/2010 (Publicado no site Observatório da Imprensa) 
 
“E um fato novo se viu/ Que a todos admirava:/ O que o operário dizia/ Outro operário escutava.” (Vinícius de Moraes, O operário em construção)

E todos os que fazem a cobertura das eleições 2010 no Brasil parecem ter feito um pacto em torno de uma mesma torcida: meu reino por um fato novo. Todos sabemos que a matéria-prima do jornalismo, ao menos aquele dissociado do estilo-jabuti (o que se coloca em árvore nessa ou naquela posição), são os fatos novos. Fatos que indicam ação, movimento, mudança. Com uma campanha precocemente exaurida pela inexistência quase absoluta de fatos, vemos jornalistas, colunistas, comentaristas, apresentadores de TV e radialistas suplicando que venham os tais fatos, assim como ao longo de décadas o sertanejo nordestino ansiava para que a chuva viesse. No contexto atual o assunto é bem complexo. É que não podem ser quaisquer fatos, sejam velhos ou novos.

O que se implora é que sejam fatos beirando o extraordinário, com cores cataclísmicas e ímpeto aterrador. E não podem ser fatos quaisquer, não. Ao contrário, precisam ser caracterizados por sua natureza antigovernista e profundamente oposicionista. E se têm que vir, que venham logo pois do contrário será tarde demais. Neste exato, momento os fatos que embalam anseios e orações, desejos e exercícios mentais não podem ocorrer após o dia 3 de outubro de 2010. Se ocorrerem, não terão valor algum. Serão apenas fatos precocemente envelhecidos ante a pressão do calendário eleitoral, que a cada dois anos se impõe à vida ordenada da sociedade brasileira. Fiz-me entender?

“Uma ação afirmativa e veemente”

Fazendo brevíssima viagem no tempo, tomemos como data-início o dia 6/8/2010 e como data-fim o dia 27/8/2010 e teremos uma descrição bem ao gosto do filósofo espanhol Ortega Y Gasset (1883-1955), quando gravou em alto relevo no pensamento universal a máxima “eu sou eu e minhas circunstâncias”.

Para Ricardo Kotscho, decano do jornalismo político no país, um possível fato novo seria o que assumisse o formato da boca do jacaré.

“A não ser que nos próximos debates ou nos programas eleitorais no rádio e na TV, que começam a ir ao ar no próximo dia 17, surja algum fato novo fantástico capaz de virar o jogo, a atual tendência é a consolidação das curvas das pesquisas, com a `boca do jacaré´ se abrindo a favor de Dilma” (6/8/2010).

Para Álvaro Dias, destemido senador paranaense, o fato novo tem que ter aquele poder de criar ondas que uma pedra consegue quando é arremessada corretamente por sobre a superfície de lago calmo:

“Temos de buscar fatos novos, sacudir essa campanha com uma ação afirmativa e veemente” (Álvaro Dias, PSDB-PR, Folha de S.Paulo, 14/8/2010).

“Um grande impacto”

Para Marcos Coimbra, sociólogo e proprietário do Instituto Vox Populi, o assunto abre caminho para situar o fato novo no fazer jornalístico diário e para circunscrever o fato novo dentro de rígidos parâmetros da ética e do bom senso:

“A imprensa precisa de notícias, de preferência surpreendentes. Sem `fatos novos´, fazer o jornal é mais difícil. Por isso, os jornalistas os amam. E os jornalistas que não querem a vitória de quem está na frente? E as empresas de comunicação que têm simpatias por quem está em segundo ou terceiro? Aí, se os fatos novos teimam em não surgir, a tentação de criá-los é grande. Inutilmente, pelo que conhecemos de nossas eleições presidenciais anteriores. Quando a maioria do eleitorado cisma que vai votar em alguém, não há `fato novo´ que a mova. É como fogo de morro acima. Ou água de morro abaixo” (Marcos Coimbra, 15/8/2010).

O jornalista Fernando Rodrigues, com o faro sempre apurado, busca no passado alguma semelhança com o presente e traz à memória o famigerado caso dos “aloprados” de quatro anos atrás:

“[Em comparação com as eleições de 2006] hoje, não há sinal de Dilma querer faltar a debates. Também não existe indício de um `aloprados 2´ a caminho – embora o de 2006 tenha sido um raio em céu azul no dia 15 de setembro. Sem erros do PT, as coisas ficam difíceis para Serra” (Folha de S.Paulo, 18/8/2010).

A propósito, convém fazer remissão à entrevista que Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope, empresa que virou sinônimo de pesquisa de opinião pública no Brasil, concedeu à revista Veja (Edição 2127, de 26/8/2009). O título dizia tudo: “Lula não fará seu sucessor”. Pois bem, passados exatos doze meses, eis o que lemos na entrevista da diretora-executiva do Ibope, Márcia Cavallari:

“A 45 dias das eleições presidenciais, apenas um fato novo, fora de controle, poderá mudar o rumo da campanha… Não exime que na reta final da campanha aconteça algum fato que possa trazer um impacto grande nas campanhas…” (Agência Reuters, 19/8/2010).

“Não se pode dar a eleição por decidida”

Em tom taciturno recolhemos também do editorial do jornal Folha de S.Paulo a percepção do jornal sobre a possibilidade de “fatores imprevisíveis”, nome pomposo para aquilo que os reles mortais chamam apenas “fato novo”. Aponta para chances teóricas não capazes de vencer o pleito de 2010, mas sim, de conceder “sobrevida” à postulação oposicionista:

“Pode até ser que a candidatura José Serra à Presidência experimente alguma oscilação estatística até o dia 3 de outubro. E fatores imprevisíveis, como se sabe, são capazes de alterar o rumo de toda eleição. Não há como negar, portanto, chances teóricas de sobrevida à postulação tucana” (Folha de S.Paulo, editorial, 21/8/2010).

Para a senadora mato-grossense do sul Maria Serrano, a ideia de fato novo rima com o imponderável, com o apelo a que se avance o bom combate até seu último minuto. Há um quê de angústia em sua súplica:

“O clima de desânimo marcou as reações dos tucanos, que agora dizem esperar um `fato novo´ para levar a eleição ao segundo turno. Isso impacta a gente. Não é fácil, mas só podemos desistir no último minuto. É ruim esperar o imponderável, mas precisamos lutar até o fim” (Folha de S.Paulo, 22/8/2010).

Para o jornalista José Roberto de Toledo, atualmente no jornal Estado de S. Paulo, co-autor de Era FHC – um balanço e de Marketing Político e Persuasão Eleitoral, o “fato novo” é co-irmão do “fato aloprado”. Segundo Toledo, a possibilidade de vir a existir é o que impede a presente eleição de ser considerada “decidida”. Eis o que ele escreveu:

“Quando a eleição vira assunto do dia-a-dia, o acesso às informações sobre a campanha é praticamente simultâneo a todo o eleitorado, seja nas capitais, seja no Brasil profundo. Isso pode tanto reforçar tendências quanto provocar alterações bruscas, a partir de um fato inesperado, um `aloprado´. Também por isso não se pode dar a eleição por decidida” (O Estado de S. Paulo, 23/8/2010).

“Tendência só mudará com fato muito relevante”

O decano dos cronistas brasileiros, Carlos Heitor Cony, em seu lugar de destaque na página 2 da Folha de S.Paulo, é econômico no palavrório, generoso nos julgamentos e agourento para um dos polos da disputa presidencial:

“Acontece que nesta atual campanha, com a disparada das intenções de voto para Dilma, ficou escancarada a participação legal e eleitoral de Lula nos comícios e na TV. A vantagem de sua candidata tenderá a subir – a menos que ocorra um fato novo que beneficie o contendor ou bagunce o coreto montado pelo PT” (Folha de S.Paulo, 26/8/2010).

Para o presidente da Arko Advice Pesquisas, Murilo Aragão, tudo pode ser resumido em bem ajeitada metáfora futebolística onde o fato novo esperado pela oposição tem que necessariamente surgir nas asas do extraordinário.

“No entanto, Serra está em grandes dificuldades, pois além de ter que enfrentar circunstâncias adversas, não joga bem para conseguir mudar o quadro atual. É como se o time estivesse jogando no campo do adversário, com a maioria da torcida contra, e jogando mal. Está dependendo do erro do adversário para poder crescer nas pesquisas ou de um fato novo extraordinário” (Murilo Aragão, 26/8/2010).

Mauro Paulino, diretor do Datafolha, resume em apenas 25 palavras a corrida presidencial. Mesmo com roupagem da brevidade, Paulino ressalva a relevância de um fato “muito relevante”:

“Mantida a tendência de crescimento da candidata Dilma Rousseff (PT), que só mudará se ocorrer um fato muito relevante, a eleição presidencial terminará no primeiro turno” (O Globo, 27/8/2010).

A quem interessaria?

Coincidência ou não, o fato é que 24 horas depois que Dilma Rousseff abriu 20 pontos de vantagem sobre José Serra, conforme pesquisa divulgada pelo instituto Datafolha, os principais jornais desta sexta-feira (27/8/2010) traziam em suas primeiras páginas as seguintes manchetes:

** Folha de S.Paulo: “Nova quebra de sigilo abre batalha PT-PSDB”

** Estadão: “Suspeitos de violar sigilo de tucanos são blindados pela Receita”

** O Globo: “Núcleo da Receita no ABC devassou dados de 140”

** Jornal do Brasil: “Só um escândalo derruba Dilma”

** Zero Hora: “Oposição se une em ataque ao PT pela quebra de sigilos”

** Veja online: “Quebra de sigilo – Receita vê indícios de esquema para venda de informações sigilosas”

** Época online: “Receita diz que violação é fruto de `esquema´”

** Portal G1/Globo: “Receita vê indícios de `balcão de venda´ de informações fiscais”

** Globo online: “Numa última tentativa, a ordem, ainda que não consensual na campanha tucana, foi de jogar todas as fichas no episódio da violação do sigilo fiscal…”

E a pergunta que se impõe é: as nove manchetes acima relacionadas, todas em torno da quebra de sigilo fiscal de diversas pessoas ligadas ao PSDB, trazem consigo marcas que apontam para o inesperado, o fantástico, o extraordinário?

Mas, antes de responder a esta questão, que é obviamente facílima de responder, há que se utilizar a percepção, a intuição e a inteligência jornalística para responder a outras questões ainda mais importantes:

A quem interessaria (no duro mesmo!) a quebra do sigilo fiscal nos últimos meses de 2009 de Eduardo Jorge Caldas Pereira, vice-presidente do PSDB, de seus companheiros de partido, de Samuel Klein (dono da Casas Bahia), da apresentadora da TV Globo, Ana Maria Braga, e agora da filha do Serra, Verônica?

Quem estaria mais necessitado de um balão de oxigênio que atendesse pelo nome de fato novo?

Refletir é bom e só engrandece as pessoas, creiam!

REVERBERANDO A VERDADE SOB A GRITARIA DOS DESESPERADOS

Serra e os dossiês

Retrato falado do campeão de dossiês

Do Nassif

Enviado por luisnassif, qui, 02/09/2010 – 15:00

Por Sanzio

As impressões digitais de José Serra estão claramente estampadas em três dos quatro mais famosos “escândalos do dossiê”, desde que a imprensa passou a rotular assim ações e armações do grupo político ao qual o ex-governador pertence.

Pela ordem: Caso Lunus (março de 2002), Aloprados (setembro de 2006) e este agora envolvendo sua filha. O único no qual a digital de Serra não aparece de forma clara é o tal dossiê contra FHC e D. Ruth, vazado para a imprensa pelo senador Álvaro Dias e que, posteriormente, descobriu-se ter sido fabricado com por um assessor do senador, André Eduardo Fernandes.

Não é uma casualidade a recorrência deste tipo de “escândalo” às vésperas de eleições presidenciais. Conforme disse José Sarney, em seu famoso discurso de 20 de março de 2002, Serra havia criado dentro do Ministério da Saúde um verdadeiro aparato de espionagem e fabricação de dossiês contra potenciais adversários políticos. Sob o comando de seu assessor especial, delegado da PF Marcelo Itagiba, foram produzidos dossiês contra Paulo Renato, Tasso Jereissati e Pedro Malan.

O delegado Itagiba, o delegado Paulo de Tarso Gomes, ambos subordinados ao Superintendente da PF Agílio Monteiro Filho, este filiado ao PSDB, mais o Sub-Procurador da República Roberto Santoro, foram os principais agentes da operação que implodiu a candidatura de Roseana Sarney, no conhecido episódio da Lunus.

Em seu discurso, Sarney fez pesadas acusações a respeito da truculência do então Ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, o qual ameaçou o jornalista Paulo Francis de espancamento e o então governador do Ceará, Tasso Jereissati, de espancamento e morte, cena esta presenciada por Sarney e protagonizada em frente de FHC.

Se o episódio Lunus e os dossiês contra correligionários visavam apenas demolir a candidatura ou as pretensões de potenciais adversários, os dois episódios seguintes têm, claramente, outro componente, talvez mais importante que o eleitoral. Em comum, ambos estão associados ao envolvimento de Serra em graves atos de corrupção.

Não que isso seja novidade. Tanto no episódio dos aloprados quanto no atual, as denúncias já eram de conhecimento público, tendo sido até matérias de jornais e revistas. A novidade era, e é, a ameaça de tornar públicas as provas dessas denúncias.

No caso dos aloprados, o tal dossiê era um conjunto de documentos amealhados por um dos lados envolvidos no “Escândalo dos Sanguessugas”, os Vedoin, pai e filho, que atuavam como intermediários junto ao Ministério da Saúde para a liberação de verbas para a aquisição de ambulâncias superfaturadas ou mesmo fantasmas. No caso atual é o ataque preventivo ao livro do Amauri Ribeiro sobre a corrupção na época das privatizações.

Em ambos os casos, o objetivo é tirar o foco do essencial, transformando o conteúdo das acusações em “falsos dossiês” com objetivos eleitorais. Se, no caso dos Sanguessugas, a operação foi bem sucedida, por causa da atuação desastrada de petistas que caíram feito patos, no caso presente não há nada que justifique as acusações de Serra à Dilma ou ao PT.

Não sei se todos notaram, mas Serra cometeu um lapso quando afirmou ao JN que sua filha teria lhe dito: “olha, eu acho que devem ter andado espionando os meus dados, porque aí são só coisas que estão no Imposto de Renda”. A pergunta que não lhe foi feita é: onde ela viu esses dados? Foi a Folha, que diz ter recebido cópias das declarações, quem as repassou à Verônica? Por que ela não tomou providências legais?

A Folha é cúmplice dessa armação, já que afirma ter recebido as cópias do suposto dossiê e tampouco tomou a providência de encaminhar esses documentos para as autoridades policiais. Usou-os apenas para criar o escândalo, o factóide eleitoral. Cabe ao PT e à campanha da ministra Dilma partir para cima desse grupo de criminosos que, há anos, trabalha para desestabilizar o país.

O ovo da serpente está chocando, não me surpreenderei se houver uma tentativa de golpe à lá Honduras. A resistência se dará pela ação da mídia independente, como este blog, de sindicatos e de movimentos sociais organizados. Por isso, sugiro aos blogueiros independentes que mantenham diariamente um post fixo no topo do blog para alertar sobre o golpismo em andamento.
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A DIFERENÇA ESTÁ NO PREÇO

Amigos do blog, conforme o prometido, a secretária  municipal de Assistência Social, Carmem Bordalho, esteve na Rádio Menina-Am falando sobre a terceirização dos trabalhos em torno dos vários projetos que a Pasta tem, em convênio com Estado e União. Ela repisou a informação de que nada disso é novidade, que existe este formato de trabalho há anos e que também na gestão passada era assim.

De fato, apuramos agora à tarde, a coisa funcionava nos mesmos moldes. Ou seja, os programas estaduais ou da União, eram tocados por terceiros, com autonomia para contratar e distratar funcionários. O argumento é o mesmo de agora: não dava para fazer concurso porque estes convênios poderiam, de uma hora para outra, serem suspensos e aí, o que fazer com o pessoal? Mas, há um detalhe que vale a pena – aliás é de nossa obrigação ressaltar. Trata-se da diferença de valores entre uma contratação e outra de empresa prestadora de serviços.

Enquanto agora, segundo a secretária, se paga algo em torno de R$ 48 mil por mês, o que dá mais ou menos algo em torno de R$ 576 mil no fim do ano, e neste segundo pregão a ser feito na semana que vem, os valores, espera-se, devam ficar nos mesmos patamares. Isto causou espanto na pessoa com quem fomos buscar a informação, porque, segundo ela, na gestão passada pagava-se algo em toro de R$ 80 mil por ano, o que por mês daria pouca coisa mais de R$ 6,5 mil por mês.

Nós já havíamos atentado para este detalhe no post anterior, com base naquilo que presenciamos ao longo da gestão passada. Garante a fonte que não eram tantos projetos assim, também. Eram alguns específicos. Os outros eram tocados pelo próprio município, com os funcionários do quadro. E o resultado era o mesmo (?).

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