O ex-prefeito Luiz Fernando Carneiro (PMDB-2001/2004-2005/2008) vem de ser condendo por improbidade administrativa no caso que ficou conhecido como “fantasma do Gabinete”. A sentença obriga ainda o ex-prefeito e o ex-servidor Fernando do Nascimento (o tal “fantasma”) a devolverem R$ 36.487,20 aos cofres públicos, valor equivalente à soma do salário do ex-funcionário. Com a sentença, Carneiro corre o risco de perder o cargo de assessor parlamentar do deputado estadual Uebe Rezeck (PMDB), de Barretos, o que ainda depende de certas circunstâncias, mas político com direitos cassados não pode exercer cargo público, mesmo de confiança.

Como fartamente se noticiou à época, Nascimento foi nomeado por Carneiro em agosto de 2003 para ocupar cargo em comissão como assessor de gabinete, com salário mensal de R$ 1,2 mil. Permaneceu no cargo até março de 2006. Em março de 2004, porém, o servidor ingressou no curso de Geografia na Unesp, em Presidente Prudente, a 300 quilômetros de Olímpia. O relator do processo no TJ foi o magistrado Peiretty de Godoy. O advogado Luiz Gustavo Martin Lomba, disse que vai recorrer da sentença do TJ. Márcio Eugênio Diniz, que advoga para Nascimento, também disse que vai recorrer.

O processo se originou em denúncia feita pelo então vereador do PDT Valter Bitencourt, hoje presidente do Olímpia FC. E Bitencourt só começou a investigar o caso depois que o também ex-vereador Antonio Delomodarme, o Niquinha, e o ex-prefeito Carneiro, denunciaram o que chamaram de “metadinha na Câmara” ao Ministério Público. Segundo ele, Bitencourt, quando o atual prefeito era presidente da Câmara (2005/2006), teria “rachado” salários com alguns funcionários da Casa de Leis, sob ameaça de não receberem. Ele diz que não, apenas pediu a quem quisesse doar o valor que quisesse, para ajudar uma faxineira em dificuldades e com filho doente. Depois, Bitencourt acabou inocentado pela Justiça. 

Qual a leitura a fazer desta condenação do ex-prefeito, e do “fantasma”, por extensão? É a de que a lealdade política, às vezes custa muito caro e nem sempre vale a pena. Principalmente quando se tem que a pessoa a quem esta lealdade serviu enquanto lhe interessou, na primeira oportunidade lhe dá demonstrações que o poder é o que interessa. Estar ao lado dele é o que mais importa. Porque, ao que consta, o tal “fantasma” foi indicação de um vereador (me dou o direito de omitir o nome, mas ele é bem popular e fotografado) que está sempre em redor dos ocupantes da cadeira principal da 9 de Julho, com seus afagos, suas benevolências legislativas, desde que seu prato esteja sempre cheio.

O mesmo problema vive hoje o prefeito Geninho (DEM), que tem problemas intestinos graves e carentes de solução urgente, para não se complicar lá na frente. Tudo vai depender, neste caso, do quanto o atual prefeito valoriza o sentimento de lealdade a seus companheitos, o quanto honra acordos feitos e palavras empenhadas. Se for como o ex-, que mesmo sob fogo cerrado não desfez o que estava feito, pode também vir a pagar caro lá adiante. Porém, se for do tipo que não pensa duas vezes em dar os dedos para preservar os anéis, poderá ficar isento de, uma vez fora do poder, ter que reponder questões que também só lhe tinham valor uma vez empossado. Porque depois, inevitavelmente, passa a não fazer mais sentido nada daquilo.

Até.