Amigos do blog, está chegando a hora da onça beber água. A ninguém escapa que nos bastidores das eleições 2010 há uma guerra silenciosa entre grupos e pessoas, no sentido de cada um mostrar do que é capaz, de provar para o outro que é bom de voto e que tem prestígio eleitoral na cidade. Nada melhor do que um “aperitivo” destes, antes das eleições locais propriamente ditas, para cada um fazer o seu “test-drive”.

Saber se ainda está com a bola toda (no caso do prefeito Geninho [DEM]), se está com boas perspectivas futuras (no caso da oposição), e até mesmo confirmar se a votação que teve no pleito passado é significativa de uma tomada de consciência do eleitor olimpiense ou se foi um fato apenas circunstancial (no caso de Walter Gonzalis). Há até o caso de um certo “cabo eleitoral de luxo” que tem feito questão de ligar seu nome ao do seu candidato – às vezes até mais que isso, colocando logo seu próprio nome -, já pensando em 2012.

É sabido que este ano, mais que outros anteriores, o leque de opções de trabalho esteve não só bastante aberto mas, em verdade, escrachado, porque, centrados em um só candidato a federal, os escudeiros e próximos do alcaide foram “liberados” para pedir votos para o estadual que quisessem, desque que, claro, fossem nomes próximos ao prefeito – e quem não é, neste contexto político esquadrinhado pelo poderoso de turno? Na oposição, ao que se vê – lendo-a pela lente não-angular do quadro político da Câmara Municipal, já foi mais, digamos, seletiva, no sentido restritivo do termo.

Mas, para refrescar as memórias dos que se interessam por este movimento, publico abaixo os números de votos recebidos por candidatos trabalhados em Olímpia nas eleições de 2006 – deputados estadual e federal, porque senador, governador e presidente é coisa quase que automática, não depende muito, a bem da verdade, de nenhum “cabo-eleitoral” local, uma vez que, nestes casos, os eleitores decidem o voto pela televisão, embora cada qual conforme sua convicção política.

Olímpia forma, majoritariamente, um eleitorado conservador, com pendores direitistas. Haja vista que no pleito presidencial, há quatro anos atrás, Alckmin venceu Lula nos dois turnos das eleições. E Serra venceu Mercadante também, mas em turno único, para o Governo do Estado. Os números foram os seguintes: no primeiro turno, Alckmin recebeu 16,8 mil votos (63,65%) e Lula, 7.988 votos (30,27%). Ambos foram para o segundo turno e, então, o tucano recebeu em Olímpia 15.917 votos (59,39%) e Lula, 10.882 (40,6%). Como todos sabem, Lula venceu o pleito e se tornou, segundo os índices de sua aprovação mostram, o melhor presidente que este país já teve.

Na batalha pelo Palácio dos Bandeirantes, no entanto, prevaleceu a força conservadora tucana no Estado e por aqui mais ainda. O hoje candidato novamente a Governador Mercadante teve, naquela ocasião, 5.253 votos, ou 20,43%, enquanto o hoje candidato a presidente José Serra, recebeu dos olimpienses, 18.928 votos, ou 73,62% do total, segundo números do Tribunal Superior Eleitoral-TSE, vencendo no primeiro turno. Não se sabe como o eleitor vai se comportar desta vez. Se vai de Alckmin e Serra novamente, ou se vai mudar de rumo.

Talvez um indicador disso seja a manifestação recente do prefeito Geninho, via Twitter, comemorando números fantásticos de Alckmin na cidade contra Mercadante, mas ficando na maior “muda” em relação a Dilma/Serra. É esperar para ver já que quem detém os números é ele, prefeito, com suas pesquisas periódicas. Mas, se as coisas estivessem boas para o “vampiro brasileiro” por aqui e ruim para a “mãe do PAC”, ele não faria festa, também, já que é, Geninho, um neotucano?

Também para os lados dos candidatos ao Senado pesou a postura conservadora do eleitor olimpiense, que deu a Suplicy, do PT, 7.110 votos, ou 32%, e para o então candidato – “juntos chegaremos lá” – Afif Domingos (do então PFL), 13.528 votos, ou 60,97% deles. Duarte Nogueira (então ex-secretário de Agricultura de Serra), também candidato ao Senado, recebeu em Olímpia 1.011 votos, ou mais ou menos 4%. Elegeu-se Suplicy, a despeito do conservadorismo olimpiense.

Mas, a briga feia mesmo será no “andar de baixo”, as candidaturas a deputados federais e estaduais. É aí que residem os compromissos políticos, os “acertos” financeiros, a necessidade de mostrar aos outros que é “bom de voto”, que tem “cacife” e coisa que o valha. À frente deles todos, o prefeito, claro. Seu eterno parceiro político agora tenta alçar vôo mais alto, rumo à Câmara Federal, e para tanto precisará de um balaio muito maior de votos. Portanto, responsabilidade dobrada.

Rodrigo, no então PFL teve em Olímpia, na eleição passada, para a Assembléia Legislativa, 4.683 votos, ou 18,9% do total dos válidos. E agora, quanto terá? É sabido que o prefeito colocou – e “colocar”, aqui, é força de expressão, porque ele na verdade obrigou – todo seu estafe a pedir votos para Garcia. Condição sine qua non, até, para se manterem no cargo, segundo algumas reclamações anotadas pelo blog. Ele já colocou sua voz nas ruas e, dizem, tem usado da máquina, de uma certa forma, para cooptar eleitores e captar votos. Para mostrar prestígio político, o prefeito sabe que a votação de Garcia, na cidade, tem que no mínimo dobrar agora. No mínimo.

OS FEDERAIS
Os candidatos a federais mais votados em Olímpia foram, não pela ordem, Antonio Palocci, com 1.139 votos; Clodovil Hernandes, com 895; Celso Russomano (agora candidato a governador), teve 597 votos; Júlio Semeghini, 1.497 votos; Paulo (argh!) Maluf, 742; Renato Silva (quem é, você conhece?), foi agraciado com 1.813 votos, nada menos que 7,3% do total dos válidos e ficou na suplência; Ricardo Izar, já falecido (hoje o candidato é seu filho, Izar Jr.), teve 1.677 votos, ou 6,8% do total. E por último o candidato da “casa”, Walter Gonzalis, que foi o mais votado de todos: teve em sua terra natal 2.366 votos, ou 9,6%, ficou na suplência e agora volta novamente a pleitear uma cadeira na Câmara, pelo mesmo PV, e a expectativa é que seus conterrâneos se voltem para os interesses maiores da cidade e deixem os “paraquedistas” de lado.

OS ESTADUAIS
O restante da turma que buscou uma cadeira na Assembléia Legislativa e veio buscar votos em Olímpia, também não pela ordem, Beth Sahão recebeu 1.329 votos, ou 5,37% dos válidos, ficando na suplência e depois assumindo ano passado; João Paulo Rillo, 509, não se elegeu, foi assessor especial do Ministério da Cultura e agora tenta novamente; o “sumido” Vaz de Lima (“Vazelina”, para alguns), teve em Olímpia 1.025 votos, 4% dos válidos; Marcelo Bueno (cadê ele?) recebeu 684 votos; Silvana Resende (jornalista ex-Globo que depois se elegeu vereadora em Ribeirão Preto), teve na cidade 784 votos, 3% dos válidos; Uebe Rezeck, por sua vez, teve em Olímpia 2.072 votos, 8% dos válidos; Valdomiro Lopes, hoje prefeito de Rio Preto, foi votado por 3.889 olimpienses, ou 15,7% dos votos válidos; a lindinha Vanessa Damo, teve 363 votos na cidade, na primeira vez que aportou por aqui. Agora está de volta em uma das “dobradinhas” de Garcia.

OS NOVOS
Fora esta relação de votados, para esta eleição os incautos eleitores da urbe terão ainda outros nomes trazidos no “balaio” político zulianista, fruto do emaranhado político que teceu ao longo do pouco mais de ano e meio no poder. Entre eles, Bruno Covas, Fernando Lucas, Dilador, Marco Neves e Bruna Furlan, Itamar Borges, e assim por diante. O “cardápio” é bem variado. Agora, qualidade que é bom, anda bastante restrita….