Amigos do blog, é claro que os acontecimentos de quinta-feira da semana passada, 24, tinham que ter desdobramentos. E eles vieram na sessão ordinária da Câmara Municipal, ontem, 28. E vieram feito um torpedo nuclear,  e dirigidos ao vereador Bertoco (PR), articulador, como já disse aqui na semana passada, do rame-rame em torno do deputado federal Valdemar da Costa Neto, também do seu PR, por conta da doação ao município, das áreas e imóveis da antiga Fepasa, hoje patrimônio da União. Doação que, na realidade, no “preto-no-branco”, não aconteceu, conforme denunciou João Magalhães (PMDB) da Tribuna da Casa de Leis. “Tudo o que foi armado aqui, foi uma coisa até meio fantasiosa, aquilo não é verdadeiro”, criticou o peemedebista. Os amigos se lembram do fato, né? Se não lembram, voltem lá atrás, no post “O que esperava Magalhães”, de 25 de junho. E o que aconteceu ontem, era esperado. Algo Magalhães, que se confessou “amargurado e totalmente desestimulado para seguir na vida pública”, iria fazer. Isso ele deixou bem claro, na própria quinta-feira 24, quando deixou escapar: “Daqui por diante as coisas vão ser bem diferentes”. E quem conhece o vereador sabe que, realmente, tudo foi diferente na sessão de ontem. Os dois vereadores são amigos. Muito amigos. E entre eles sempre houve uma relação de respeito. Relação esta que Bertoco fez questão de reforçar ontem, ao terminar sua réplica e ir direto ao vereador para um aperto de mão, no que foi correspondido (embora Bertoco tivesse dito antes que iria abraçá-lo, mas então se contentou com um aperto de mão). Mas, Magalhães cobrou do colega o verdadeiro documento de doação daquelas áreas. Porque o que foi assinado ali, na quinta-feira, segundo ele, não é um termo de posse definitiva, é um termo de guarda provisória. “Guardando estas áreas provisoriamente o município já está há 30 anos”, contestou.
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DESILUSÃO
“Eu fiquei tremendamente chateado, se eu não desabafasse hoje não teria mais condições de permanecer nesta Casa de Leis. Tenho a certeza que vossa excelência não fez isso por maldade, mas fez no intuito, talvez, de carrear votos para o deputado Valdemar (da Costa Neto). E o prefeito e o seu secretário (do Planejamento, Amaury Hernandes), que também não fizeram nada, se aproveitaram de uma brecha que vossa excelência proporcionou e simplesmente jogaram o meu trabalho como se eu não tivesse feito nada para o Jardim Boa Esperança. Faço questão de, quando este trabalho estiver pronto, encaderná-lo e presenteá-lo a vossa excelência, para que possa entender o seu significado”. Assim falou Magalhães, frisando depois que, no caso das áreas antes da Fepasa, hoje da União, haviam duas opções: a União tansferir diretamente para cada morador a sua parte, ou toda a área para o município, que por sua vez faria a partilha. Mas isso, segundo ele, “de forma oficial”. Mas, não há dúvidas de que o vereador exagera quando considera que o fato causou “dano irreparável” à sua carreira política”. Até porque ela é bem maior que este dissabor.
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NÃO FOI BEM ASSIM
Eu havia contado aqui antes, que as coisas chegaram ao ponto que chegaram por questões de desencontros de informações e atitudes. Que até conversa a porta fechada com Costa Neto, antes do rame-rame, Magalhães teve. E que Bertoco pretendia, sim, colocá-lo à Mesa, e convidá-lo a usar da palavra. E, no final, assinar a papelada e “sair na foto”, como reforçou Bertoco ontem. Mas, pelas colocações de Magalhães, deu para entender que já desde o início de tudo ele havia se rebelado. Havia tomado conhecimento naquela reunião a portas fechadas daquilo tudo que falou ontem, a respeito dos documentos que não eram de posse definitiva, mas de guarda provisória. Por isso antes mesmo do cerimonial se mostrava tão nervoso, irrequieto e não parava de falar ao celular, forma também que encontrou para ficar longe do plenário, até para não ter que recusar convite para ir à mesa e discursar. Falar o quê?, deve ter pensado. Assim, agiu certo o vereador ficando ao longe.
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FAZENDO O QUE ACHA CERTO
Para responder ao colega, Bertoco pediu tempo livre, “pelo menos uma vez na vida”, no que foi atendido pelo presidente Hilário Ruiz (PT). “Não tenho líder. Faço as coisas que eu acho que é certo”, começou. “Eu queria, sim, você nessa Tribuna, aquele dia, abraçado comigo, tirando foto”, continuou.
Nós temos que se unir. É Olímpia em primeiro lugar. Eu vou descer aí e te dar um abraço. Se não quiser o abraço, tudo bem, topo qualquer coisa, mas você continuará sendo um grande amigo deste vereador. Eu deito na cama e queria ser como você, você é um exemplo para mim”, exagerou (no caso do abraço, cxomo já disse, ele acabou virando um aperto de mão). Depois, Bertoco comparou o representante de Magalhães na esfera federal, com o seu. Disse que se o Michel Temer (federal, candidato, hoje, a vice-presidente de Dilma) a Costa Neto. “João, se ele (Temer) quisesse seriam apenas duas palavras dele”, afirmou. Magalhães não se conteve: “O Valdemar tem influência, sim, no  Ministério dos Transportes, mas não resolveu o problema em definitivo”. Sobre a acusação de Magalhães de que tudo naquela quinta-feira não passou de uma “falseta”, Bertoco respondeu: “Se foi uma ‘falseta’ o que foi feito aqui, vou dar ‘parte’. Se o representante da União veio aqui, usou a Câmara, usou o presidente, que também assinou o documento, se for ‘falseta’ vou dar ‘parte’. Não, não foi ‘falseta’, tenho a certeza. Não se brinca com um pai de família, como eu sou”.

Fecha o pano.