Amigos do blog, a quinta-feira véspera de Ano Novo foi sacudida por uma manchete de jornal. Manchete que, a nosso ver, extrapolou o bom senso. “Geninho pode sofrer acidente grave”, anunciou o jornal em sua edição do dia 31. Baseado em que a ‘Folha’ publicou tal notícia? Nas ‘previsões’ do ‘vidente’ Aurélio Barros, de Olímpia. O mesmo que no ano passado as fez de monte, para o mesmo semanário e…nenhuma se concretizou. Não da forma como ele previu, pelo menos. Mas, indiferente às previsões do ‘mago’, o que está em discussão aqui é: a ‘Folha da Região’ poderia ter publicado a mesma matéria com outro enfoque de capa? A resposta é sim, poderia. O ítem da ‘previsão’ sobre o acidente do prefeito, até poderia também constar do corpo da matéria, sem dúvida, afinal é parte integrante do resultado das ‘previsões’. Chocaria menos, no entanto, se apenas no corpo do texto isso fosse lido. Longe de nós querermos aqui “editar” o mais antigo jornal de Olímpia. Mais longe de nós ainda, qualquer iniciativa em defesa pura e simplesmente, do prefeito. A questão está na ordem das coisas. Uma manchete como essa, plena véspera do Dia da Confraternização Universal, trás desassossego até para quem não é ‘devoto’ do alcaide. Imagine, então, a familiares e parentes. É preciso lembrar que por trás da figura do prefeito tem uma esposa, uma filha pequena que já sabe ler, mãe, pai, irmãos, cunhados…. E todos aqueles que torcem por ele. Portanto, para dizer o mínimo, o jornal foi relapso em sua concepção editorial, e totalmente irresponsável ao tratar de questão tão delicada, de forma tão espalhafatosa.

UMA COISA…
O que o jornal fez foi misturar alhos com bugalhos. Confundiu o cidadão Eugênio com o político Geninho. A manchete, a nosso ver, ultrapassou a linha divisória entre o fato político e o fato comum, da vida pessoal do homem que, temporariamente, ocupa a cadeira de administrador. Para não romper a fronteira entre o público e o particular, o jornal poderia ter optado por uma manchete de cunho político, ainda que extraída das ‘previsões’ de Barros. Afinal, pelo que se depreende do texto, o ‘vidente’ foi provocado para tratar de temas ligados à política, quando coloca para serem jogados a administração pública, o prefeito Geninho e a Câmara Municipal. Partindo desta premissa, optar por uma chamada que remete a um acontecimento de nível pessoal, como este “grave” acidente – notem que não se trata de um acidente qualquer – é, por assim dizer, uma distorção jornalística.

…É UMA COISA
Lembrando sempre que um político viaja muito, está sempre na estrada e não está livre de percalços, nestes estradas ruins, de motoristas piores ainda. Não vamos muito longe, temos o exemplo de um prefeito inquieto – Marreta – que morreu em função de sequelas deixadas por um grave acidente que sofreu numa destas viagens. O próprio prefeito Geninho afirma isso. Não está livre desta possibilidade. Mas, uma coisa é ele, como de resto todos nós, termos consciência de que isso é plausível. Outra coisa, totalmente diferente, é tornar isso oficial, como se fosse a maior das certezas, apesar do condicional “pode”, que no falar do povo acaba um dia desaparecendo e a fatalidade se concretizando, por ‘corrente’. E não deve ser fácil estar na pele do prefeito daqui por diante, a cada vez que deixar sua casa, beijar sua filha e sua esposa, para pegar a estrada. Ou mesmo o avião. Em suma, a ‘Folha da Região’, no afã de ser original, prestou um tremendo desserviço público com a tal manchete e título interno.

OUTRA COISA…
No final das contas, as colocações do ‘vidente’ Barros publicadas no jornal mais se parecem com um mosaico de coisas faladas à exaustão pelas esquinas, publicadas na imprensa local, lucubrações de rodinhas políticas e quetais. Ele não diz nada de novo ou original. Tudo o que está publicado ali resvala no óbvio, no já ouvido falar, no já comentado. Traições, dificuldades no Governo, troca de assessores, dissabores com o legislativo e por aí afora. Quem dos amigos já não discutiu alguns destes assuntos, algumas vezes, com alguém? Então, onde está a novidade? O não-fato está presente na matéria do jornal com um peso tal, que quase chega a justificar a manchete e o título da página interna.

…É OUTRA COISA
“Vereadores podem perder cargos na Câmara”? Quá, quá, conta outra! Desde quando “picuinhas” derrubam vereador? E que três vereadores perderam os cargos, no passado – conforme ele disse que previu? O que será que está “encondido ali” (onde?). Que “coisa velha” é essa?  Quem o prefeito “está colocando lá”, pensando ser seu amigo, mas que na verdade o está “apunhalando pelas costas”? Que “defuntos” este ‘amigo’ do prefeito na Câmara estará desenterrando? Um espanto estas previsões. Não há fato jornalístico nelas. São especulações às quais o jornal concedeu generoso espaço. Por isso é cada vez maior nossa desconfiança de que a”Folha da Região” sofre de esquizofrenia crônica.