Amigos do blog, quem quiser, que pasme-se, porque eu estou profundamente pasmado! Acabo de saber que a assessoria jurídica do prefeito Geninho Zuliani tem pronto e acabado os termos de um processo que pretende mover contra todos aqueles que ousaram fazer críticas à festa do peão.
Dizem estes seres que se consideram impolutos e imunes a qualquer crítica, que pretendem fazer com que aqueles que falaram sobre o rodeio “paguem caro”, como ouví de uma ‘autoridade’.
Dizem que o processo é um ‘catatau’, dezenas e dezenas de páginas, vários nomes, alcançando autoridades políticas, profissionais da imprensa, partido político e veículos de comunicação. Um ataque geral e generalizado.
Mas, isso não é tudo. O detalhe é que o processo está devidamente redigido para ser assinado pelo seu autor (que deve ser o presidente do “Clube dos 25”, neste caso, o empresário Fernando Martinelli, da Rádio Difusora, Band FM e jornal Tribuna de Olímpia) e protocolado no Fórum “assim que o promotor arquivar” as representações feitas para ele logo após vir à tona tudo aquilo que os senhores já conhecem.
O detalhe do negrito e das aspas é para reforçar a colocação feita por eles, o que provoca uma certa inquietude, já que se manifestam como se fosse certo o arquivamento das representações pelo Ministério Público.
Inquieta, também, porque deixam transparecer estarem de posse de informação privilegiada, sabendo por antecipação qual será a manifestação do MP sobre tão rumoroso assunto. Para quem não se lembra dos detalhes, vamos lá:
A Câmara Municipal de Olímpia, representada pelo seu presidente, Hilário Juliano Ruiz de Oliveira (PT), e pelos vereadores Priscila Foresti, a Guegué (PRB), João Magalhães (PMDB), e Gustavo Zanette (PSB), e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro-PMDB, por meio de seu diretório local, entraram com representação no Ministério Público de Olímpia e na Procuradoria do Ministério Público de São Paulo, respectivamente, requerendo que sejam apuradas as supostas irregularidades que teriam sido cometidas pelo prefeito municipal Geninho Zuliani (DEM), na realização do “Olímpia Rodeo Festival”, acontecido em Olímpia entre os dias 24 e 28 de junho passado.
O prefeito contratou, para realizar a festa, o chamado “Clube dos 25″, composto por funcionários comissionados da prefeitura e da Assembléia Legislativa, além de um irmão e um primo seu. No caso da Câmara Municipal, na representação protocolada dia 21, os vereadores tomaram por base para a denúncia reportagem estampada no jornal “Folha da Região”, edição do dia 18 de julho, dando conta de que o denominado “Clube dos 25” teria vencido uma licitação para organizar e executar a festa do peão por R$ 6,5 mil.
A representação foi feita porque os vereadores querem elucidar os fatos, já que servidores municipais não podem participar de licitação em que o contratante seja o município.
E, de acordo com o estatuto do ‘Clube dos 25’, fazem parte de seus associados efetivos (art. 6º, I) os senhores Luis Fernando Serejo Martinelli (diretor-presidente); Cleber José Cizoto (diretor vice-presidente); João Paulo Polisello (diretor-secretário); Marcelo Elias Najem Gallete (tesoureiro); Edílson César De Nadai (presidente do Conselho Fiscal); Jurandir Durrula Martins (membro do Conselho Fiscal) e Cláudio Aparecido Zamperlini Júnior (membro do Conselho Fiscal).
Ocorre que os senhores João Paulo Polisello e Edílson César De Nadai são servidores públicos que exercem cargo em comissão, e o senhor Cleber José Cizoto exerce o cargo de secretário municipal de Finanças.
Os vereadores lembram na representação que o engenheiro Carlos César Zuliani é membro fundador do Clube e irmão do prefeito. Lembram, ainda, que Luis Fernando Serejo Martinelli é proprietário da Rádio Difusora de Olímpia, “a qual, segundo sentença proferida no processo eleitoral (296/08) relativo às eleições majoritárias em nossa cidade, foi condenada por fazer ampla divulgação da campanha eleitoral do senhor Eugênio José Zuliani (…)”.
Na representação, os vereadores lembram que Olímpia recebeu R$ 500 mil do Ministério do Turismo, cuja verba seria destinada para o Olímpia Rodeo Festival. “Por outras palavras, a Festa foi realizada com dinheiro público”, afirmaram.
Sendo assim, não restam dúvidas de que a questão reveste-se de uma certa gravidade, e com base estritamente nas leis, o que se cometeu foram atos no mínimo não condizentes com a probidade administrativa. Se legal ou não, a Justiça irá dizer.
O que não pode é um grupo político se encastelar no poder e julgarem-se seus membros, digo e repito, acima do bem e do mal. De todo bem e de todo mal. E, pior, antecipar manifestação de um poder constituído, no caso o Ministério Público. Como se o que fora requisitado a seu representante, o promotor, nada significasse.
E, de resto, não há ação judicial que nos intimide enquanto servidor da opinião pública, enquanto profissional do meio jornalístico e radiofônico. Temos ciência de que cumprimos com a nossa sagrada obrigação. E os demais envolvidos, idem.
Cabe agora o julgamento final, após minuciosa análise do MP – que aliás já deve estar concluída, dado o tempo, e assim carente apenas da manifestação final do promotor. Mas, conforme acreditam os senhores impolutos, será esta manifestação favorável ao “Clube dos 25”?
Se não for apenas informação privilegiada, será resultado de pressão política via agentes políticos do estrito relacionamento do prefeito Geninho? Um palpite de quem se julga profundo conhecedor das leis? Ou mero nonsense, tão comum em mentes embotadas pela ‘delícia’ do poder? O tempo dirá.
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