Amigos do blog, ledo e triste engano deste pobre escriba. Imaginei que, por conta da proposta do ‘resgate’ do Festival do Folclore em Olímpia – seja lá o que isso vai implicar no seu todo, ao final -, a partir desta 45ª edição o mito Curupira voltaria à abertura e encerramento oficiais do evento.
Ele, que é o símbolo máximo da festa na concepção de seu principal idealizador e realizador, folclorista José Sant´anna.
Ledo e triste engano, repito. A cerimônia na qual o prefeito entrega simbolicamente a chave da cidade ao mito, e depois a recebe na noite final da festa, continua banida, situação que dura desde 2002.
E agora, pelo que me consta e pude apurar, a comissão organizadora não a trará de volta, para “não melindrar ninguém”. Apesar da proposta do ‘resgate’ das raízes da festa.
Nesta cerimônia, o Curupira era representado sempre por um aluno da rede estadual ou municipal de Ensino vestido à caráter: cabelos de fogo, roupas imitando a pele, com os pés para trás, e a lança.
E havia sempre um bonito discurso de ambos, o prefeito lhe cobrando ‘um bom governo’ quando da entrega da chave, e depois o mito prometendo ‘dar conta do recado’, etc.
Simbolicamente, a partir daí o prefeito deixava que o Curupira “governasse” o município ao longo dos dias do Fefol. Depois o mito lhe devolvia a chave, “voltando” para as matas.
Simples assim, singelo, tocante… Mas, aí apareceram os evangélicos. E o Cururpira começou a ter problemas. Sérios problemas.
Recordo-me que ainda em início a administração do então prefeito José Carlos Moreira (1993/1996), o fuzuê foi grande. Havia vereador evangélico na Câmara.
A briga foi feia porque, Sant´anna vivo, jamais permitiria que aquilo acontecesse. Como assim? Acabar com a cemimônia? Deixar o Curupira na mata, ele, o ícone do Festival? Nem pensar!, esbravejava o mestre José.
E assim foi, de festa em festa, de prefeito em prefeito, até que o idealizador e principal mantenedor do Fefol se foi. E os evangélicos, enfim, venceram!
Passado um tempo ele, que tinha uma pequenina estátua nos fundos da arena do recinto (do tamanho de um anão de jardim), desapareceu. Ficou confinado aos fundos do palco, muitas vezes, propositalmente escondido.
Os evangélicos e aqueles que se julgam como tal acham que o mito, por ter os pés para trás, “tem parte com o diabo”, e não traria boas venturas para a cidade, enquanto estivesse no comando dela.
Mas, vejam bem, esse pessoal é aquele mesmo que não cultua imagens de santos, não venera a imagem da cruz etc., dizendo ser tudo “coisa do homem” e, portanto, sem nenhum valor cristão-religioso.
Seriam “pedaços de gesso”, “pedaços de madeira”, ou apenas desenhos. O que vale é a Biblia, e o que está contido nela: a palavra de Deus.
Pois bem, se eles não acreditam e não dão o menor valor simbólico ou de fé àquilo tudo, porque então se preocupar com o Curupira, uma figura lendária, simples fruto da imaginação popular?
Os responsáveis por manter a linha-mestra traçada pelo folclorista José Sant´anna em relação à festa maior de Olímpia, não deviam nunca ter sucumbido aos argumentos pífios de uma parcela da sociedade que não respeita manifestações outras e extrapola em suas pretensões totalitárias.
Porque Fefol-raiz sem a cerimônia do Curupira, me perdoem os organizadores, é puro discurso. O que se espera nos dias que vão correr, é que realmente toda a proposta em torno desta 45ª edição da festa não seja mero rabisco em papéis.
Porque uma coisa é resgatar uma tradição. Outra, é querer reinventar uma tradição. Depois do Curupira, temos que ficar de olho!
E PARA QUE NINGUÉM FIQUE MORRENDO DE MEDO PORQUE OS EVANGÉLICOS DISSERAM
O QUE DISSERAM, REPRODUZO ABAIXO A LENDA DO CURUPIRA, PARA QUEM AINDA NÃO CONHECE:
De acordo com a lenda, contada principalmente no interior do Brasil, o Curupira habita as matas brasileiras. De estatura baixa, possui cabelos avermelhados (cor de fogo) e seus pés são voltados para trás.
A função do curupira é proteger as árvores, plantas e animais das florestas. Seus alvos principais são os caçadores, lenhadores e pessoas que destroem as matas de forma predatória.
Para assustar os caçadores e lenhadores, o Curupira emite sons e assovios agudos. Outra tática usada é a criação de imagens ilusórias e assustadoras para espantar os “inimigos da florestas”.
Dificilmente é localizado pelos caçadores, pois seus pés virados para trás servem para despistar os perseguidores, deixando rastros falsos pelas matas. Além disso, sua velocidade é surpreendente, sendo quase impossível um ser humano alcançá-lo numa corrida.
De acordo com a lenda, ele adora descansar nas sombras das mangueiras. Costuma também levar crianças pequenas para morar com ele nas matas. Após encantar as crianças e ensinar os segredos da floresta, devolve os jovens para a família, após sete anos.
Os contadores de lendas dizem que o curupira adora pregar peças naqueles que entram na floresta. Por meio de encantamentos e ilusões, ele deixa o visitante atordoado e perdido, sem saber o caminho de volta. O curupira fica observando e seguindo a pessoa, divertindo-se com o feito.
Não podemos esquecer que as lendas e mitos são estórias criadas pela imaginação das pessoas, principalmente dos que moram em zonas rurais. Fazem parte deste contexto e geralmente carregam explicações e lições de vida. Portanto, não existem comprovações científicas sobre a existência destas figuras folclóricas.
Viram? Trata-se de um bicho de sete cabeças? Aliás, nem chifres o pobre tem. Ô povo!