Amigos do blog, é preciso que façamos isso, embora correndo o risco de depois virem os emissários do Governo, sempre raivosos, e sempre anônimos, dizerem impropérios típicos de quem não tem estatura para ocupar cargo público.

Mas, vamos tentar decifrar o enigma em que parece ter se transformado o semanário “Folha da Região”, de Olímpia?

No sábado passado, 16, o jornal publicou um primoroso editorial em que, nas sombras de uma análise generalizada sobre ações políticas e suas consequências, acabou por fazer elogios, digamos, envergonhados ao atual alcaide, Geninho Zuliani (DEM).

Agora, o jornal é um veículo que ‘ponderadamente posiciona-se de forma neutra, imparcial, observadora atenta do acontecimento’, frente ao atual Governo. Não chamaria a atenção tal postura, se não fosse o semanário um retrato de si mesmo, e o editorial, um cadafalso onde se auto-executa.

A começar pelo quinto parágrafo, onde diz o texto: “(…) No plano municipal, embora ainda não tenha encontrado seu eixo, demonstrado a que veio realmente, as poucas realizações, oriundas ainda, na maioria, de solitações do governo passado (para amenizar a intenção!), que aliadas às conquistas deste governo, tem mostrado uma nova face à cidade (…)”. Seria trágico, não fosse emblemático tal assanhamento.

Quer nos parecer que, quem perdeu o eixo foi o jornal, ou sua editoria. No parágrafo seguinte, reforçando seu nonsense: “Basta andar pelas ruas para se perceber que outra orientação se instalou; os bairros estão, do ponto de vista urbanístico, sendo tratados de maneira mais atenta. Há lixos e entulhos por alguns lugares, mas nada comparado com o caos que a cidade viveu, principalmente no final do último mandato. As ruas não estão mais tão esburacadas”.

Enigma. Por certo o Governo Municipal tem atacado esta frente, como era de se esperar – e que por muito tempo foi criticado, no Governo anterior, por este humilde escriba. E tem mais elogios, ainda que de soslaio, mas elogios. Por exemplo, à Saúde, que ‘tem conseguido avanços, sentidos principalmente nas classes menos favorecidas (será que ele andou pesquisando ou é chute?)” etc.

A Educação, na nova versão jornalística do semenário, ‘tem se posicionado de forma intransigente em favor da melhoria das políticas públicas desenvolvidas até agora, ao mesmo tempo que toca em feridas (?) que antes eram proibitivas (?).

Áh, e tem o Daemo, onde depois de feita a ressalva (afinal, ninguém está livre do enrubescimento) ao ‘aumento brutal nos serviços prestados’, diz que ‘tem buscado ser justo com os consumidores que pagam, penalizando os inadimplentes e os que nem relógio tinham’ (agora quem atrasa por dois meses, não importam os motivos, fica sem água – será que ele sabe disso?).

Uma das jóias da coroa é quando o jornal diz: ‘Entre atitudes impopulares e corretas e o tradicional populismo de sempre, o governo municipal tem trazido boas contribuições para a sociedade local’. Mais uma vez aí, o adesismo envergonhado se imiscuindo no texto.

E tome críticas àqueles que ‘almejam benefícios econômicos para si’, ou ‘desejam estar ou voltar ao poder’. Afinal, porque agora o ‘discurso de terra arrasada, de carpideiras, do quanto pior melhor, do negativismo total’? Afinal, para que se mirar no exemplo do próprio jornal ao longo de todos estes últimos anos, né não? Há salvação na terra, pois!

E não há porquê, também, ‘criar um clima (…) de que tudo está totalmente errado, que não há absolutamente nada certo’, manda o jornal. Nada de navegar ‘contra a corrente’, reitera.

Afinal – e esta é a jóia suprema do texto, ‘(…) impossível que todas as coisas estejam erradas, como pretendem demonstrar alguns xiitas de plantão que se arvoram de donos da verdade absoluta e encontram defeito em tudo que não seja o seu amo e atacam quem ponderadamente posiciona-se de forma neutra, imparcial, observadora atenta do acontecimento (itálicos meus).

‘Há acertos que necessitam por justeza, por principio, por decência, por ética, serem reconhecidos’. Nunca houve esta necessidade, devo supor. Nos idos passados esta noção jornalística não existia? Ou não é sempre que um jornal precisa ser justo, ter princípio, decência e ética?

Reproduzo, abaixo, o parágrafo final do editorial do jornal, na íntegra, como última oportunidade para o nobre leitor deglutir tais acepipes do pensamento moderno e, acima de tudo, entender a, digamos, transposição político-ideológica de seus responsáveis.

‘Não se pode mais, nestes tempos de informação globalizada, imaginar que através do ocultamento, da maquiagem da informação, vai se conseguir ludibriar a todos para conseguir, com subterfúgios nada recomendáveis, desgastar aquele que se elegeu como o oposto. Criticar, sim, e sempre, mas nem tanto aos céus nem tanto ao mar. Puxar o saco também não (…)’.

Urge, então, que busquemos uma nova definição adjetiva para ‘ocultamento’, ‘maquiagem’, ‘ludibrio’, ‘subterfúgio’ e ‘puxar o saco’. Porque, ao que parece, no editorial da ‘Folha da Região’, tais palavras ganham novo e nobre significado, porque, de cabo a rabo, tais substantivos e linguajar chulo chegam a ‘gritar’ de tão presentes.

E antes que os césares de plantão, os escribas de inciclopédia e os mãos-gordas se apressem em mandar e-mails anônimos, peço que leiam e releiam o texto. Talvez o entendam não como crítica ao governo que tanto prezam, mas sim como apenas uma constatação. Constatar pode, né gente?