Amigos do blog, esse texto eu “chupei” de um blog chamado “Quem matou a tangerina?”, porque achei muito legal e extremamente isento na análise da atual “febre Ronaldo”. Apesar do tom irônico do título do blog, até agora não li texto mais lúcido sobre o jogador. Leiam também e depois opinem, se quiserem.

*** Desde o primeiro anúncio oficial da contratação de Ronaldo, no início de dezembro de 2008, a Rede Globo se esbalda. TV, rádio, jornal e, claro, Internet exploram a incomparável popularidade do fenômeno de maneira massiva e, em alguns casos, até irritante.

Não tem notícia sobre o Ronaldo? Faz uma matéria sobre a repercussão de suas atuações na imprensa Internacional.

Hoje não tem treino no Parque São Jorge? Que tal essa pauta: Ronaldo teria vaga na seleção da Copa do Mundo de 1970?

E essa: estudantes tentando imitar uma jogada de Ronaldo.

Ou seja, não importa onde você esteja oue que horas sejam, a agenda setting exige que Ronaldo seja citado em algum veículo da Rede Globo. Motivos não faltam. Ronaldo é pop, logo, gera audiência. Qualquer matéria Ronaldiana, independente do seu conteúdo, é capa, é destaque, é assunto no Twitter e por aí vai.

Outra teoria é o bom relacionamento de Ronaldo com a Rede Globo. A emissora nunca escondeu sua simpatia pelo atacante, que sempre retribuiu em declarações exclusivas e entrevistas preferenciais. Esse casamento fortificou-se durante a Copa do Mundo de 2006. Mesmo não jogando absolutamente nada e acima do peso, as críticas ao jogador eram sempre ponderadas – para não dizer nulas.

Esta semana, no auge da até aqui curta carreira pelo Corinthians, a Rede Globo iniciou oficialmente a campanha para uma convocação do Gordo. O que estava “disfarçado” ficou explicito no carro chefe do telejornalismo da emissora: o Jornal Nacional.

William Bonner apresentou um editorial sobre a atuação de Ronaldo contra o Santos. Narrando no melhor estilo Pedro Bial, o apresentador foi cético ao afirmar que Ronaldo estava preparado para voltar a defender a Seleção Brasileira. Mais tarde, no Jornal da Globo, o golpe final (ou inicial?). Luis Roberto apresentou a seguinte enquete no site Globoesporte: Ronaldo merece voltar à seleção?

Adepto à democracia e principalmente contra qualquer tipo de estratégia que favoreça determinados grupos e prejudique o futebol brasileiro, esse blog lista sete razões para Ronaldo voltar à seleção e outros sete para que ele fique bem longe da Granja Comary de Teresópolis.

1. Ele tem afinidade com superações. Duas cirurgias no joelho, problemas com bebida, de saúde e relacionamentos. Ainda assim, Ronaldo conseguiu voltar a jogar futebol. E bem. Um novo sucesso na seleção não seria nenhuma surpresa.

2. Ele assusta. Ter Ronaldo no ataque – em bom momento – assusta o adversário e exige respeito. Além de dar moral para quem joga com ele.

3. Ele é ídolo. Há um bom tempo a Seleção Brasileira carece de ídolos. Kaká, apesar de craque, não conseguiu. Robinho e Ronaldinho Gaúcho então, nem se fala.

4. Não tem ninguém melhor. Qual o ataque titular da Seleção Brasileira? Eu já começo a desconfiar até da titularidade do Robinho. Luis Fabiano vem fazendo bons jogos, mas lhe falta uma grande atuação. Fred, Sobis, Vagner Love, Nilmar, Pato, algum nome lhe parece mais adequada para usar a camisa nove?

5. Ele tem a confiança da massa. Ronaldo está nas graças do povo. Apesar do bom momento da Seleção Brasileira, alguns já o indicam como o salvador do nosso ataque.

6. O grupo é adequado. A Seleção Brasileira não tem um time fechado, mas a base é formada por “amigos” de Ronaldo, como Robinho, Ronaldinho, Julio Cesar, Kaká, Pato e Lucio. Já há entrosamento, algo essencial para um bom desempenho dentro de campo.

7. Ronaldo tem metas. Ele já alcançou a incrível marca de ser o maior artilheiro em Copas do Mundo – 15 gols. Se ganhar o próximo mundial Ronaldo será – ao lado de Pelé – o único jogador a ganhar três Copas como jogador. E desafio, você sabe, é com ele mesmo.

1. Falta ritmo de jogo. O nível do Campeonato Paulista é fraco e Ronaldo ainda não enfrentou ninguém que fizesse frente na Copa do Brasil. É preciso ver seu desempenho contra uma pedreira de verdade (o São Paulo estava claramente coma a cabeça na Taça Libertadores durante as semifinais do estadual).

2. Ele é inconstante. Em 2006 esperávamos uma superação que veio em 2002. Ficamos no vácuo. Ronaldo não conseguiu entrar em forma durante o mundial.

3. Ele é estrela. Ronaldo é Ronaldo. O único jogador capaz de leva Suzana Werner para fazer reportagens na Copa do Mundo, fazer um casamento falso na Malhação, convidar a Cicarelli para dormir na concentração… Nunca se sabe qual será sua próxima “estrelice”.

4. Cadeira cativa no ataque. Apesar de Dunga já ter provado que não há jogador titular na Seleção – Ronaldinho e Kaká já esquentaram o banco -, Ronaldo está acima de todos. E se outro jogador começar como titular, ele terá uma sombra de 15 gols em Copas do Mundo aguardando sua vez.

5. Ele vai ofuscar as revelações. Para uma seleção que busca renovação existem jovens de muita qualidade procurando espaço. Com Ronaldo na seleção, Pato, Keirrison e Nilmar seriam esquecidos no banco.

6. Ronaldo não tem estilo Dunga. Uma das principais características do Brasil de Dunga é a marcação na saída de bola do adversário. A seleção joga no estilo que consagrou o capitão do tetra. Ronaldo jamais mostrou empolgação para correr atrás de um zagueiro. Com ele, a seleção teria que se adaptar ao estilo Ronaldo.

7. Copa do Mundo de 2006. A atuação de Ronaldo naquele mundial talvez tenha sido a pior de um atacante brasileiro em quase 80 anos de Copas do Mundo. Da chegada atrasado no segundo tempo na estréia até o chapéu de Zidane na eliminação, Ronaldo parecia dar ali o seu adeus ao status de craque do futebol mundial.

Se vira, Dunga.