Amigos do blog, cá estou eu de novo, pleno feriado Santo, postando mais uma impressão sobre o dia-a-dia de nossa urbe. Ainda ontem falei aqui sobre o não-governo Geninho Zuliani (DEM) nestes primeiros três meses e 10 dias.
Agora pela manhã acordo e me deparo com a “Folha da Região” dispondo de duas páginas inteiras para o que me pereceu ser uma laudatória entrevista, um material jornalístico sem consistência nenhuma. Pode-se deduzir que, dentro da amplitude de significados que o substantivo abarca, em um deles esta publicação se encaixa, menos na primeira, “ação de entrevistar”.
Talvez na que define entrevista como “Encontro combinado ou conferência aprazada”, ou ainda “Impressões dadas, ou palestra concedida a jornalista para publicação“, porque ação “durante a qual são respondidas perguntas feitas por repórteres (…)” aquilo não é, com certeza.
Teria sido, então, uma “Conversa com uma pessoa para a interrogar sobre os seus atos, ideias e projetos, a fim de publicar ou difundir o seu conteúdo ou de a utilizar para fins de análise (inquérito de opinião)”? Não, mesmo! Até porque não se viu análise ou opinião sobre o que ali estava “despejado”.
Ou talvez, com um pouco mais de culpa, tenha sido “Conferência marcada por pessoas em lugar determinado”, “Encontro combinado” e mais nada além disso? (As definições foram tiradas de dicionários, viu gente?).
Porque, amigos do blog, sinceramente, nada de jornalístico há naquelas duas páginas, transformadas em espaço livre e sem restrições para o que quer que se falou. Nenhum questionamento. Nenhum reparo. E tudo foi jogado assim, de batelada, ao n(p)obre leitor. Desguste e se contente!
Absolutismo jornalístico talvez seja o nome a se dar a isso. E no editorial, se vangloria ainda o editor de estar respeitando os mais básicos princípios jornalísticos, ao não mostrar o que eventualmente o prefeito tenha feito de bom, porque aí é propaganda e…bem, tem que ser paga, não é?
Mas, algumas páginas adiante e lá está a mais tradicional peça publicitária de que pode dispor um govenante, sem (talvez) gastar nenhum tostão! Sim, poque ali se aproveitou para dizer tudo, menos a que veio o alcaide. Projetos aos borbotões, ações concretas às quimeras.
Nota-se, inclusive, que de tudo o que se falou ali e o jornal “deglutiu” – e imagina que seus n(p)obres leitores farão o mesmo – nada há além daquilo que já foi falado à exaustão durante o período eleitoral, conteúdo discursivo, aliás, que o jornal foi pródigo em criticar.
Talvez agora o editor veja tudo com outros olhos, porque uma “bandeira de luta” sua de muitos anos, está entre as promessas do prefeito, amparada em uma ação concreta: a declaração de utilidade pública de área para mudar a lagoa de esgoto de lugar. Agora que tem a caneta, pelo menos assinar ele (prefeito) pode.
A concretude deste ato é inegável. Outra “bandeira de luta”, a abertura da avenida até a rodovia, também está contida no contexto do discurso jornalístico do prefeito. Tudo conforme manda o figurino da ocasião, tudo conforme a esperteza política de Zuliani.
Tudo conforme as pupilas de seu interlocutor, que devia se “blindar”, se precaver, pois, como nós, deve ter conhecimento de que Zuliani sabe como ‘comprar’ consciências! E o faz com palavras, no mais das vezes.
Sinceramente, como leitor ávido de entrevistas, procurei por todos os textos e não encontrei sequer uma pergunta. Uma que fosse. Prova inconteste da capacidade oratória do prefeito. Encher duas páginas, com textos setorizados – “100 dias”, “Daemo”, “Vale do Turismo”, “Daemo” e “Cutrale” – sem ser interrompido pelo seu entrevistador sequer uma vez!
Sem causar estranhamentos! Nem quando fala de cifras extraordinárias como os R$ 98,25 milhões resultantes da soma de todas as promessas de investimentos feitas pelo prefeito. Nem isso lhe causou espanto!. Fala-se em quase R$ 100 milhões (um orçamento e meio quase da cidade) com a maior desenvoltura, e passa batido por um arguto jornalista?
Tudo bem, pode ser uma aposta do mandatário nele mesmo. Pode ser uma aposta do editor em seu ‘entrevistado’. Mas, uma coisa é certa: a realidade parece passar longe dos planos de Zuliani. Mas, por respeito ao cargo que detém, não classificaremos tais planos como utópicos. Afinal, um mandatário tem obrigação de saber o limite exato do possível.
Mas, a conversa combinada entre prefeito e jornalista trouxe uma (e única) afirmação com o pé na mais estrita realidade cotidiana. É quando o alcaide diz reconhecer que o resultado (de suas ações) não é o que esperava e gostaria de ver no final desse período de governo.
Nem nós, prefeito! Nem nós esperávamos e gostaríamos de ver e viver o que estamos vendo e vivendo neste momento: um início distópico de Governo.
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