Aqui, quando fenômeno, sem aspas

Aqui, quando fenômeno, sem aspas

Amigos do blog, sei que muita gente vai me execrar por isso, mas não posso passar ao largo. desde quinta-feira estou para escrever aqui sobre isso, mas o tempo, este consumidor de vidas, não me permitia. E eu também preferi pesar os prós e contras antes, a conveniência ou não de falar.

Então, decidi. Até porque a imprensa esportiva – eita setor mais vira-latas do jornalismo! – continua a martelar este assunto. Não há um jornal, um portal, um programa esportivo da televisão ou do rádio que não fale dele: Ronaldo, o renascido, o messias extemporâneo do futebol brasileiro, aquele que, ao que parece, veio para redimir todos os pecados, todas as m…. que se faz neste país em torno e em nome dele, o futebol.

Quem viu o jogo de quarta-feira, entre Corinthians e Itumbiara, com certeza há de concordar. O Ronaldo no banco apareceu mais na tela da TV e, com certeza, foi mais comentado nos rádios que aqueles pobres coitados que estavam em campo, suando a camisa (que se saiba, até agora o “fenômeno” só suou a camisa na balada campineira).

E mais: ainda crucificaram o coitado do meio-campista Douglas que preferiu chutar a gol ao invés de “servir” o mais novo “dodói” alvinegro. E, depois, a imprensa baba-ovos de Ronaldo foi perguntar: Você perdoa o Douglas? Sim, perdôo, teria respondido o alter-ego do Rei. Ridiculos. Ambos, a imprensa baba-ovos e Ronaldo.

Um time de futebol é formado por onze em campo e pelo menos sete no banco. Ronaldo era um deles. Depois foi formar o onze em campo. Todos ali estavam com o mesmo propósito: vencer. E todos suando a camisa. Mas, a midia e a diretoria do Corinthians queriam espetáculo, faturamento, audiência. E toma-lhe Ronaldo.

Sendo assim, que se dane o futebol. Ronaldo tem que brilhar. Mesmo que para isso a luz de uns e outros tenha que se apagar. O futebol moderno é grana. Muita grana. É audiência e faturamento. E num país onde uma só emissora de TV detem todos os direitos de transmissão, e a faz quando quer e do jeito e na hora que quer, nada mais pode ser levado a sério, é uma tragédia.

O futebol de um país pentacampeão do mundo não pode ficar a mercê de um homem só. Porque apostar que alguém sozinho vai reaver os tempos de glória, é assinar embaixo a situação falimentar do nosso esporte bretão.

Haja vista que, num país sem craques que de fato mereçam este adjetivo, deposita-se todas as esperanças num quase ex-atleta, que dá seus últimos suspiros – fará alguns golzinhos, o que para os babões será o máximo! – e vem de uma maratona que o exauriu, tanto em campo quanto fora dele.

E só no Brasil, um país com tremendo complexo de inferioridade, que se aceita como dádiva maior, e se trata como rei divino, alguém que abandona sua terra natal em busca de dólares e euros, enche seus bolsos, é sugado à exaustão, vira “bagaço de laranja” e volta, fim de carreira, com toda pompa e circunstância, para tirar sarro de nosotros, e dos ignorantes babões.

Querem apostar que vão dizer que meu “manifesto” é uma atitude de pura inveja do sucesso? Mas, é isso. Ou este país evolui, ou vira circo.

PS: Repararam que o “fenômeno” foi parar justo no Corinthians, uma das maiores torcidasdo Brasil? E que o outro clube que o queria era exatamente o Flamengo, outra maior torcida do país? Isso explica por si só…Ou não?