Por Diego Salmen

Os habeas corpus concedidos pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, ao banqueiro Daniel Dantas desmoralizam a Justiça e mostram que tentáculos criminosos do dono do Opportunity também chegaram ao Supremo. Quem afirma é a deputada federal Luciana Genro, do PSOL.

– É totalmente desmoralizante para a justiça ver o Daniel Dantas ser liberado em poucas horas, duas vezes, por ação do presidente do Supremo, enquanto que muitas vezes uma mãe de família é presa por roubar uma lata de leite e acaba nessas prisões imundas por meses.

Nesta quarta-feira, 19, a deputada participou de um ato de solidariedade ao delegado Protógenes Queiroz, realizado pelo PSOL em frente ao STF. Em julho, Protógenes foi afastado do comando da Operação Satiagraha, que prendeu o banqueiro Daniel Dantas – dentre outros – por lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro.

Depois do afastamento, a Polícia Federal realizou uma ação de busca e apreensão na casa de Protógenes para investigar denúncias de vazamento de informações sigilosas da Satiagraha. Um inquérito foi aberto para apurar as denúncias contra o delegado.

Em entrevista Terra Magazine, Luciana Genro crítica o que ela chama de “inversão de valores”, verificada logo após a deflagração da Operação Satiagraha.

– Aqueles que dedicaram a sua vida ao combate à corrupção como o delegado Protógenes ou que fizeram gestos de grandeza, abriram mão de promoção, como o juiz De Sanctis, estão sendo perseguidos numa tentativa de desmoralizaçao para evitar que o senhor Daniel Dantas seja condenado.

A parlamentar fala ainda sobre a atuação da CPI dos dos Grampos. Para ela, a comissão não colabora para colocar as coisas nos “seus devidos lugares”. Explica:

– O problema do Brasil não é o excesso de grampos; o problema do Brasil é o excesso de corrupção.